O Mês de Conscientização sobre a Dislexia, comemorado em outubro, visa alertar a sociedade sobre a importância do diagnóstico precoce para uma melhor qualidade de vida desde os anos iniciais de alfabetização.
A campanha pretende chamar a atenção para a necessidade de que todas as pessoas com dislexia sejam compreendidas, reconhecidas, capacitadas e tenham igualdade de acesso às oportunidades.
De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, o transtorno acomete de 0,5% a 17% da população mundial, podendo manifestar-se em pessoas com inteligência normal ou mesmo superior e persistir na vida adulta.
A causa do distúrbio é uma alteração cromossômica hereditária, o que explica sua ocorrência em pessoas da mesma família. Pesquisas recentes mostram que a dislexia pode estar relacionada com a produção excessiva de testosterona pela mãe durante a gestação da criança.
Os sintomas variam de acordo a gravidade do transtorno, podendo ser leves, moderados ou graves. Os sinais tornam-se mais evidentes durante a fase da alfabetização.
Entre os mais comuns, encontram-se as seguintes dificuldades:
– Para ler, escrever e soletrar;
– Para entender texto escrito;
– Para identificar fonemas, associá-los às letras e reconhecer rimas e aliterações;
– Para decorar a tabuada, reconhecer símbolos e conceitos matemáticos (discalculia);
– Ortográficas: troca de letras, inversão, omissão ou acréscimo de letras e sílabas (disgrafia);
– De organização temporal e espacial e coordenação motora.
O diagnóstico é feito por exclusão, em geral por equipe multidisciplinar (médico, psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo, neurologista). Antes de afirmar que uma pessoa é disléxica, é preciso descartar a existência de deficiências visuais e auditivas, déficit de atenção, escolarização inadequada, problemas emocionais, psicológicos e socioeconômicos que possam interferir na aprendizagem.
É de extrema importância estabelecer o diagnóstico precoce de dislexia para evitar que sejam atribuídos aos indivíduos com o transtorno rótulos depreciativos, que tragam reflexos negativos sobre sua autoestima e projeto de vida.
Ainda não se conhece a cura para a dislexia. O tratamento exige a participação de especialistas em várias áreas (pedagogia, fonoaudiologia, psicologia, etc.) para ajudar a pessoa a superar, na medida do possível, o comprometimento no mecanismo da leitura, da expressão escrita ou da matemática.
Recomendações
– Algumas dificuldades que as crianças podem apresentar durante a alfabetização só ocorrem porque são pequenas e imaturas e ainda não estão prontas para iniciar o processo de leitura e escrita. Se as dificuldades persistirem, o ideal é encaminhar a criança para avaliação por profissionais capacitados;
– O diagnóstico de dislexia não significa que a criança seja menos inteligente; significa apenas que ela apresenta um distúrbio que pode ser corrigido ou atenuado;
– O tratamento da dislexia pressupõe um processo longo que demanda persistência;
– Pessoas com dislexia devem dar preferência a escolas preparadas para atender suas necessidades específicas;
– Saber que a pessoa tem dislexia e as características do distúrbio é o melhor caminho para evitar prejuízos no desempenho escolar e social e os rótulos depreciativos que levam à baixa-estima.
Fontes:
Associação Brasileira de Dislexia
Code Read Dyslexia Network Australia
Dr. Dráuzio Varella
Instituto ABCD – São Paulo
The International Dyslexia Association