A descoberta de antimicrobianos, há quase 90 anos, mudou o curso da medicina moderna, dando aos médicos a capacidade de tratar infecções anteriormente fatais. Desde então, milhões de vidas foram salvas.
Hoje, bactérias, vírus, fungos e parasitas estão mudando e se tornando resistentes aos antimicrobianos, como os antibióticos, devido ao uso excessivo e indevido destes medicamentos. Como resultado, infeções comuns, como a pneumonia, estão mais difíceis de tratar – aumentando o risco de propagação de doenças e morte.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), este é um dos dez maiores problemas de saúde pública global, pois sem atitudes, estima-se que até 2050 o problema causará, anualmente, a perda de 10 milhões de vidas em todo o mundo, além de um prejuízo econômico de 100 trilhões de dólares.
Em 2020, a resistência a antimicrobianos (RAM) causou muito mais mortes na região do Pacífico Ocidental do que a tuberculose ou HIV/Aids. Em comparação com as doenças não transmissíveis, causou um número semelhante de mortes ocorridas por diabetes, cirrose hepática e câncer de mama.
A RAM é uma ameaça para seres humanos, animais, plantas e ambiente, afetando a todos. Combatê-la requer esforço mundial e uma abordagem de Saúde Única para soluções eficazes em que todos os setores reúnam forças e incentivem a utilização prudente de agentes antimicrobianos.
É necessário reforçar a prevenção e o controle de infecções em instalações de saúde, agrícolas e da indústria alimentar, garantir acesso a vacinas, água potável, saneamento e higiene, implementar melhores práticas na produção alimentar e agrícola e garantir a gestão segura de resíduos e águas residuais de produtos relevantes. As indústrias são fundamentais para reduzir a necessidade de antimicrobianos e minimizar o surgimento e a transmissão da RAM.
A resistência a antimicrobianos ocorre quando os microrganismos mudam ao serem expostos a medicamentos como antibióticos, antifúngicos, antivirais, antimaláricos e anti-helmínticos, pois desenvolvem resistência aos fármacos, sendo por vezes referidos como “superbactérias”. Como resultado, os medicamentos tornam-se ineficazes e as infecções persistem no corpo, aumentando o risco de propagação a outras pessoas, tornando-se uma ameaça para a prevenção e o tratamento eficazes de uma gama cada vez maior de infecções causadas por esses organismos.
Fatos importantes:
– A RAM é uma ameaça cada vez mais grave para a saúde pública global que requer ação em todos os setores governamentais e na sociedade;
– Sem antibióticos eficazes o sucesso das grandes cirurgias e da quimioterapia do câncer ficaria comprometido;
– O custo dos cuidados de saúde para pacientes com infecções resistentes é superior ao dos cuidados para pacientes com infecções não resistentes devido à maior duração da doença, exames adicionais e uso de medicamentos mais caros;
– Em 2016, 490.000 pessoas desenvolveram tuberculose multirresistente em todo o mundo e a resistência aos medicamentos também começa a complicar a luta contra o HIV e a malária.
Fontes:
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
Ministério da Saúde
Organização Mundial de Saúde (OMS)
Organização Pan-americana de Saúde (OPAS)