O Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica – DPOC é organizado pela Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD) em colaboração com profissionais de saúde e grupos de pacientes em todo o mundo. O movimento ocorre desde 2002 e a cada ano mais de 50 países realizam atividades com o objetivo de sensibilizar, partilhar conhecimentos e discutir formas de reduzir o fardo da doença.
Com o tema “Respirar é Vida – Agir Mais Cedo” a campanha deste ano pretende destacar a importância de se antecipar os cuidados com a saúde pulmonar – o que inclui diagnóstico e intervenções precoces.
Atualmente sabe-se que outros fatores além do tabagismo podem contribuir para o adoecimento por DPOC cada vez mais cedo, afetando indivíduos jovens. Além disso, já foram identificadas condições precursoras que oferecem novas oportunidades para que o diagnóstico ocorra de forma precoce e o tratamento se inicie de imediato. Assim, a celebração de 2023 se concentrará na importância de que a saúde pulmonar seja monitorada desde o nascimento.
Hoje, a doença é a terceira causa de óbitos no mundo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 80% dessas mortes acontecem em países de renda média a baixa, porque as estratégias de prevenção não são tão efetivas e os tratamentos não estão disponíveis ou não são acessíveis para todos.
DPOC constitui um grupo de doenças caracterizado por uma condição inflamatória progressiva que obstrui as vias aéreas dificultando a respiração. É uma doença com repercussões sistêmicas, prevenível e tratável, e a limitação que provoca no fluxo aéreo pulmonar é parcialmente reversível.
Causas:
O tabagismo é o principal fator de risco para DPOC e a origem da doença é fortemente ligada ao efeito da fumaça de cigarro nos pulmões, havendo relação da quantidade e do tempo de uso do tabaco com a gravidade da doença. Normalmente seu início é lento, mas pode evoluir de modo mais rápido levando à incapacidade por insuficiência respiratória e até ao óbito.
Além do cigarro convencional, outros tipos de fumo, como cachimbo, narguilé, maconha, cigarros eletrônicos e a exposição passiva também contribuem para causar e piorar a doença. Outros fatores, como a poluição ambiental provocada pelas queimadas de lavouras, uso de lenha para cozinhar, poluentes do ar, poeira, vapores químicos, gases e substâncias tóxicas podem contribuir também para o aparecimento da doença.
A DPOC tem instalação lenta. Geralmente, o primeiro sintoma é uma discreta falta de ar associada a esforços como subir escadas, andar depressa ou praticar atividades esportivas.
Com o passar do tempo, a falta de ar vai se tornando mais intensa e aparece por esforços cada vez menores. Nas fases mais avançadas, se manifesta mesmo com o indivíduo em repouso e se agrava muito diante das atividades mais corriqueiras.
Tosse produtiva e encurtamento da respiração são sintomas que também podem estar presentes nos quadros de doenças pulmonares obstrutivas, que incluem a bronquite crônica e o enfisema pulmonar.
A bronquite crônica é uma inflamação dos brônquios, estruturas pulmonares responsáveis por levar e trazer o ar a cada respiração. A doença leva a um estreitamento das vias aéreas e também facilita o acúmulo de secreção dentro delas. Provoca tosse e expectoração na maioria dos dias, por no mínimo três meses por ano, durante dois anos consecutivos, e tem como causa mais comum o tabagismo.
Principais sintomas: tosse com expectoração, chiado, falta de ar e cansaço.
O enfisema pulmonar é caracterizado pela destruição dos alvéolos (pequenas bolsas existentes no aparelho respiratório). Com a doença, essas estruturas inflamam, começam a se romper e formam bolhas em um processo que dificulta a passagem do ar e a oxigenação do sangue.
Principais sintomas: chiado, tosse, respiração ofegante, falta de ar.
Tratamento do DPOC:
Parar de fumar é a única forma de impedir o declínio progressivo da função respiratória. Há medicamentos para aliviar os sintomas associados à produção e eliminação das secreções, porém, diversos estudos demonstraram que, nos casos mais graves, o único tratamento médico capaz de aumentar a sobrevida dos pacientes é a oxigenioterapia. Técnicas fisioterápicas de reabilitação respiratória aumentam a resistência aos esforços e melhoram a qualidade de vida, mas aparentemente não prolongam a sobrevida.
Prevenção:
Evitar a exposição ao tabaco (medidas ativas e passivas) e fumaças tóxicas é de inestimável importância na prevenção primária da doença pulmonar obstrutiva crônica. Deve-se oferecer intervenções a todos os fumantes com o objetivo de promover o abandono do hábito de fumar, incluindo farmacoterapia e aconselhamento.
Embora o abandono do hábito de fumar possa estar associado a efeitos adversos menores de curta duração, como ganho de peso e constipação, seus benefícios em longo prazo são inquestionáveis.
Para DPOC decorrente da exposição ocupacional, a prevenção primária é obtida pela eliminação ou redução das exposições no local de trabalho.
Medidas de saúde pública, como pedágio urbano, pistas exclusivas para veículos de alta ocupação e promoção de caminhadas ou ciclismo, podem ser implementadas para reduzir os danos causados pela poluição do ar.
Fontes:
Associação Brasileira de Asmáticos
British Medical Journal: Best Practice
Dr. Dráuzio Varella
Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD)
Ministério da Saúde
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia