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GUSMAN, Christine Ranier et al. Inclusão de parteiras tradicionais no Sistema Único de Saúde no Brasil: reflexão sobre desafios. Revista Panamericana de Salud Pública, Washington, v. 37, n. 4-5, p. 365-370, abr./maio 2015. Disponível em Scielo
O presente artigo apresenta uma experiência de trabalho com parteiras tradicionais realizada no estado do Tocantins, Brasil, entre 2010 e 2014, no âmbito do Projeto Diagnóstico da Situação do Parto Domiciliar no Tocantins e Cadastramento de Parteiras Tradicionais, vinculado ao Programa Trabalhando com Parteiras Tradicionais (PTPT), do Ministério da Saúde. O projeto objetivou uma articulação entre o parto e o nascimento domiciliares assistidos por parteiras tradicionais e os sistemas locais de saúde. No estado, identificaram-se 67 parteiras atuantes. Durante oficinas de capacitação, 41 parteiras tradicionais, dentre as quais 39 indígenas, discutiram suas realidades, dificuldades e soluções frente a um cotidiano com muitas adversidades. Essas parteiras foram ainda capacitadas no uso de instrumentos biomédicos e na condução da reanimação neonatal. A partir dessas experiências, surgiu o questionamento sobre a real efetividade da estratégia para incluir as parteiras tradicionais no SUS. O presente artigo discute esse tema com apoio na literatura pertinente. A carência de estudos sistemáticos acerca do impacto das ações do PTPT no cotidiano das parteiras, incluindo os desfechos perinatais e o remodelamento das práticas de saúde em populações rurais, ribeirinhas, quilombolas, de floresta e indígenas, implica lacunas importantes no que diz respeito à efetividade desse tipo de iniciativa.