O Dia Mundial contra a Raiva (DMR), instituído pela Global Alliance for Rabies Control (GARC), reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e comemorado a cada 28 de setembro, é uma oportunidade transcendental para promover a luta contra esta doença e conscientizar sobre sua prevenção.
A data escolhida para a campanha mundial homenageia o cientista francês Louis Pasteur, falecido em 28 de setembro de 1895. Criador da vacina antirrábica, suas descobertas em diversos campos das ciências naturais e suas contribuições para a saúde pública permitiram e permitem até hoje salvar inúmeras vidas.
Trata-se de uma zoonose com 100% de letalidade, endêmica em vários continentes e que provoca a morte de cerca de 60.000 pessoas no mundo, 40% delas crianças, estimativamente. A eliminação da raiva humana transmitida por cães é possível e o progresso de muitos países da região das Américas nessa conquista é prova disso.
O lema deste ano “Todos por 1, Uma Saúde por Todos” evidencia a necessidade de concretizar uma abordagem intersetorial e multidisciplinar com a intervenção e a colaboração de equipes profissionais da saúde humana, animal e ambiental.
Os programas de controle da raiva oferecem um excelente exemplo para operacionalizar a estratégia “Uma Saúde” – construindo as estruturas e a confiança que são cruciais para estabelecer sistemas para outras doenças zoonóticas, incluindo aquelas que são propensas a pandemias.
Garantir o acesso equitativo aos serviços de saúde e à profilaxia pós-exposição à raiva para as comunidades carentes não só salva vidas, mas também fortalece os sistemas nacionais de saúde.
A vacinação canina em massa é a ferramenta mais eficaz e constitui a principal ação para prevenir a raiva em cães. O Programa Regional de Eliminação da Raiva da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), coordenado pelo Centro Pan-Americano de Febre Aftosa e Saúde Pública Veterinária (PANAFTOSA/SPV-OPAS/OMS), e validado pelos Diretores dos Programas de Eliminação da Raiva nas Américas (REDIPRA) recomendam manter uma cobertura vacinal de 80% da população canina como estratégia para reduzir a circulação do vírus em hospedeiros suscetíveis e prevenir casos de raiva humana transmitida por cães.
Desde o início das ações, em 1983, a incidência de raiva humana transmitida por cães nas Américas foi reduzida em cerca de 98%, passando de 300 casos notificados em 1983 para 3 casos em 2023, até o momento.
Esse avanço é resultado de campanhas massivas de vacinação canina em nível regional, conscientizando a sociedade e ampliando a oferta de profilaxia pré e pós-exposição a 100% da população exposta ao vírus. Os resultados alcançados nos últimos 40 anos permitem afirmar que a conquista da eliminação da raiva humana de origem canina (variantes 1 e 2) no continente americano está muito próxima.
A raiva é uma zoonose causada por um vírus que infecta animais domésticos e selvagens, e se transmite às pessoas pelo contato com a saliva infectada através de mordidas ou arranhões. Os cães são os principais transmissores da raiva às pessoas no mundo. A doença chega a ser fatal em quase 100% dos casos.
A transmissão se dá normalmente pela mordida de animais infectados, mas também existe a possibilidade de se contrair a doença pelo contato da saliva do animal raivoso diretamente nos olhos, mucosas ou feridas.
Sintomas:
O período entre o acidente com o animal e o aparecimento dos sintomas é extremamente variável. Pode ser de alguns dias a até anos, com uma média de 45 dias, no homem, e de 10 dias a 2 meses, no cão. Em crianças, existe tendência para um período de incubação menor que no adulto.
Os sintomas são parecidos com os da gripe, incluindo fraqueza geral, desconforto, febre ou dor de cabeça. Mas à medida que a doença avança, ocorrem alucinações, espasmos musculares involuntários e paralisia leve ou parcial, que pode levar a pessoa à morte.
Prevenção:
Atualmente, a segurança e a eficácia das vacinas para pessoas e animais são uma das estratégias mais importantes para a prevenção e o controle da raiva. Por isso, animais domésticos devem ser vacinados anualmente contra a doença.
Também é importante evitar aproximar-se de cães e gatos sem donos, não mexer ou tocar neles, sobretudo quando eles estiverem se alimentando ou dormindo. Além disso, nunca tocar em morcegos ou outros animais silvestres diretamente, principalmente quando estiverem caídos no chão ou encontrados em situações não habituais.
Contudo, se for agredido por um animal, é preciso lavar o ferimento abundantemente com água e sabão e passar um antisséptico. Mas isso não é o suficiente. É fundamental procurar assistência médica e informar detalhes do acidente ao profissional de saúde, se o animal tem dono, o local do acidente, entre outros.
Fontes:
Global Alliance for Rabies Control (GARC)
Ministério da Saúde
Organização Pan-americana da Saúde (OPAS)