USO DA MACONHA


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PASCALE, Antonio; LABORDE, Amalia. Efeitos do consumo de cannabis durante a gravidez e a amamentação. Archivos de Pediatria del Uruguay, Montevideo, v. 90, n. 3, p. 72-88, jun. 2019. Disponível em Scielo

O consumo de cannabis é menor do que o do álcool e do tabaco. A maior frequência de consumo ocorre durante a idade reprodutiva das pessoas. Os canabinóides têm características cinéticas e mecanismos de ação que representam um risco durante a gravidez e amamentação. A gravidez envolve alterações fisiológicas que facilitam a exposição fetal à cannabis. A vulnerabilidade do feto ao sistema endocanabinóide durante o estágio de desenvolvimento neurológico levanta a suspeita de efeitos adversos ligados à exposição à cannabis e seus derivados. O objetivo deste paper é atualizar os dados científicos sobre os efeitos do uso de cannabis e derivados durante a gestação e amamentação. Realizamos uma revisão descritiva de artigos científicos publicados em periódicos revisados por pares entre janeiro de 2010 e dezembro de 2018. Incluímos uma análise de banco de dados e utilizamos combinações de termos em inglês e espanhol: “maconha”, “cannabis”, “canabinóides”, “gravidez “,”amamentação”. Os efeitos do consumo de cannabis durante a gravidez não são conclusivos, embora haja evidências crescentes de que o consumo possa estar relacionado a alterações no nascimento, como baixo peso ao nascer e dano ao desenvolvimento neurológico até os estágios da infância e adolescência tardias. Não foi encontrada relação com outros indicadores, como mortalidade perinatal e nascimentos pré-termo. Os estudos analisados apresentaram várias fragilidades, principalmente autorrelato e incertezas e confusão em relação ao consumo de outras substâncias. Até agora, temos evidências suficientes para adotar um princípio de precaução e recomendar contra o uso de cannabis durante a gravidez e
a lactação.