A Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência é uma data comemorativa do Brasil, instituída pela Lei nº 13.798/2019.
A semana que inclui o dia 1º. de fevereiro, dedica-se anualmente a disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência. As ações realizadas estão a cargo do poder público, em conjunto com organizações da sociedade civil, e são dirigidas prioritariamente ao público adolescente.
Estima-se que todos os anos mais de 400 mil adolescentes brasileiras se tornam mães entre os 12 e os 18 anos de idade, o que representa quase 50% a mais do que a média mundial, segundo o Ministério da Saúde.
Relatório das Nações Unidas destaca, por exemplo, que as mortes perinatais são 50% mais altas entre recém-nascidos de mães com menos de 20 anos na comparação com recém-nascidos de mães entre 20 e 29 anos.
Além do aspecto social – a adolescente tem, por exemplo, sua vida escolar interrompida – e do aumento da situação de vulnerabilidade dessa jovem mãe e seu bebê, principalmente no caso de famílias com baixa renda, são muitos os riscos à saúde de mãe e filho.
Diversos fatores concorrem para a gestação na adolescência. No entanto, a desinformação sobre sexualidade e direitos sexuais e reprodutivos é o principal motivo. Questões emocionais, psicossociais e contextuais também contribuem, inclusive para a falta de acesso à proteção social e ao sistema de saúde, englobando o uso inadequado de contraceptivos.
A questão é considerada um problema social e de saúde pública, uma vez que expõe mãe e filho a uma série de riscos e leva adolescentes a um círculo de constante pobreza e baixa escolaridade, ocasionada pela evasão escolar, pelo impacto na economia familiar, entre outras razões.
Fatores que aumentam os riscos de gravidez na adolescência:
– Idade menor que 16 anos ou ocorrência da primeira menstruação há menos de 2 anos (fenômeno do duplo anabolismo: competição biológica entre mãe e feto pelos mesmos nutrientes);
– Altura da adolescente inferior a 150 cm ou peso menor que 45kg;
– Adolescente usuária de álcool ou de outras drogas lícitas ou ilícitas (cocaína/crack ou medicamentos sem prescrição médica);
– Gestação decorrente de abuso/estupro ou outro ato violento/ameaça de violência sexual;
– Existência de atitudes negativas quanto à gestação ou rejeição ao feto;
– Tentativa de interromper a gestação por quaisquer meios;
– Dificuldades de acesso e acompanhamento aos serviços de pré-natal;
– Não realização do pré-natal ou menos do que seis visitas de rotina;
– Presença de doenças crônicas: diabetes, doenças cardíacas ou renais; infecções sexualmente transmissíveis; sífilis, HIV, hepatite B ou C; hipertensão arterial;
– Presença de doenças agudas e emergentes: dengue, zika, toxoplasmose, outras doenças virais;
– Ocorrência de pré-eclâmpsia ou desproporção pélvica-fetal, gravidez de gêmeos, complicações obstétricas durante o parto, inclusive cesariana de urgência;
– Falta de apoio familiar à adolescente.
Fatores que aumentam os riscos para o recém-nascido (RN) ou lactente até o primeiro ano de vida, quando nascido de mãe adolescente:
– RN prematuro, pequeno para idade gestacional ou com baixo peso (retardo intrauterino);
– RN com menos do que 48 cm ou com peso menor do que 2.500 g;
– Nota inferior a 5 na Classificação de Apgar (escala que avalia as condições de vitalidade do RN), na sala de parto ou se o parto ocorreu em situações desfavoráveis;
– RN com anomalias ou síndromes congênitas (Síndrome de Down, defeitos do tubo neural ou outras);
– RN com circunferências craniana, torácica ou abdominal incompatíveis;
– RN com infecções de transmissão vertical ou placentária: sífilis, herpes, toxoplasmose, hepatites B ou C, Zika, HIV/AIDS e outras;
– RN que necessita de cuidados intensivos em UTI neonatal;
– RN com dificuldades na sucção e na amamentação;
– RN que passe por problemas de higiene e cuidados no domicílio ou no contexto familiar, com negligência ou abandono;
– Falta de acompanhamento médico pediátrico em visitas regulares e falhas no esquema de vacinação.
Riscos para a mãe adolescente e para o filho recém-nascido:
– RN com anomalias graves, problemas congênitos ou traumatismos durante o parto (asfixia, paralisia cerebral, outros);
– Abandono do RN em instituições ou abrigos;
– Ausência de amamentação por quaisquer motivos;
– Mãe adolescente com transtornos mentais ou psiquiátricos antes, durante ou após a gestação e o parto;
– Abandono, omissão ou recusa do pai biológico ou parceiro pela responsabilidade da paternidade;
– RN é resultado de abuso sexual incestuoso ou por desconhecido, ou relacionamento extraconjugal;
– Quando a família rejeita ou expulsa a adolescente e o RN do convívio familiar;
– Quando a família apresenta doenças psiquiátricas, uso de drogas, álcool ou episódios de violência intrafamiliar;
– Falta de suporte familiar, pobreza ou situações de risco (migração, situação de rua, refugiados);
– Quando a mãe adolescente abandonou ou foi excluída da escola, interrompendo a sua educação e dificultando sua inserção no mercado de trabalho.
Prevenção da gravidez na adolescência:
Um dos mais importantes fatores de prevenção é a educação. Educação sexual integrada e compreensiva faz parte da promoção do bem-estar de adolescentes e jovens ao realçar a importância do comportamento sexual responsável, o respeito pelo/a outro/a, a igualdade e equidade de gênero, assim como a proteção da gravidez inoportuna, a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis/HIV, a defesa contra violência sexual incestuosa, bem como outras violências e abusos.
Organizações internacionais como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) orientam que os guias metodológicos e operacionais sejam fundamentados em princípios e valores dos direitos humanos e sexuais, sem distinção étnica, de gênero, religiosa, econômica ou social, com o uso de informações exatas e cuidadosas, cientificamente comprovadas.
A garantia de desenvolvimento integral na adolescência e juventude é uma responsabilidade coletiva que precisa unir família, escola e sociedade para articular-se com órgãos e instituições, públicas e privadas na formulação de políticas públicas de atenção integral à saúde em todos os níveis de complexidade, embasando-se em situações epidemiológicas, indicadores e demandas sociais, respeitando os princípios do Sistema Único de Saúde.
Os adolescentes – indivíduos com idades entre 10 e 20 anos incompletos – representam entre 20% e 30% da população mundial; estima-se que no Brasil essa proporção alcance 23%.
Para orientar a população e médicos sobre o tema, o Departamento Científico de Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) disponibiliza documentos científicos que abordam tópicos fundamentais à prevenção da gravidez na adolescência. Confira aqui!
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Fontes:
Fundação Movimento Universitário de Desenvolvimento Econômico e Social (Mudes), RJ
Janaína Araújo: Rádio Senado
Secretaria de Estado de Prevenção à Violência do Estado de Alagoas
Sociedade Brasileira de Pediatria