O Dia Internacional da Epilepsia é um evento global celebrado anualmente na 2ª segunda-feira de fevereiro, para promover a conscientização sobre a doença em todo o mundo. É uma iniciativa conjunta do International Bureau for Epilepsy (IBE) e pela International League Against Epilepsy (ILAE).
Com representação em mais de 140 países, a data é uma oportunidade poderosa para destacar os problemas enfrentados por pessoas com epilepsia, suas famílias e cuidadores, em todas as regiões do mundo.
As comemorações objetivam:
– aumentar a conscientização sobre a doença em nível internacional e governamental, bem como para o público em geral;
– fortalecer movimentos sobre a epilepsia unindo associações em uma campanha mundial;
– aumentar a visibilidade sobre a doença e encorajar discussão a seu respeito;
– fornecer às associações de epilepsia uma oportunidade significativa de angariar fundos.
Embora as celebrações do Dia Internacional da Epilepsia variem de região para região, com circunstâncias culturais, geográficas e climáticas impactando todas as atividades, o traço comum é o desejo de destacar a epilepsia e chamar a atenção para a necessidade de melhor conscientização e compreensão, legislação adequada, aumentar as pesquisas, aprimorar o diagnóstico e os serviços de tratamento, de modo a melhorar a vida de todas as pessoas afetadas pela doença.
Em 2022, o Dia Internacional da Epilepsia acontece na mesma data em que vários países comemoram o Dia dos Namorados. Então, nesta segunda-feira, 14 de fevereiro, mostre um pouco de amor pela comunidade afetada pela epilepsia!
A epilepsia é uma condição neurológica bastante comum, acometendo aproximadamente uma em cada 100 pessoas. É caracterizada pela ocorrência de crises epilépticas, que se repetem a intervalos variáveis. Essas crises são as manifestações clínicas de uma descarga anormal de neurônios, que são as células que compõem o cérebro.
Causas:
A doença pode ter diversas causas que variam de acordo com o tipo de epilepsia e com a idade do paciente. Em crianças, por exemplo, a anóxia neonatal (falta de oxigênio no cérebro durante o parto) e os erros inatos do metabolismo (alterações metabólicas que existem desde o nascimento) são causas frequentes de epilepsia.
Em idosos, por outro lado, as doenças cerebrovasculares (acidente vascular cerebral ou AVC), bem como os tumores cerebrais, estão entre as causas mais frequentes.
Sinais e Sintomas:
Existem vários tipos de crises epilépticas, cada uma com características diferentes. Um dos tipos mais comuns é a crise tônico-clônica, chamada habitualmente de “convulsão”. Esse tipo de crise é facilmente reconhecível, pois o paciente apresenta abalos musculares generalizados, sialorreia (salivação excessiva) e, muitas vezes, morde a língua e perde urina e fezes.
Outras crises, entretanto, podem não ser reconhecidas por pacientes, familiares e até mesmo por médicos, pois apresentam manifestações sutis, como alteração discreta de comportamento, olhar parado e movimentos automáticos.
Em crianças, por exemplo, é comum a ocorrência de crises de ausência, caracterizadas por uma breve parada da atividade que a criança estava fazendo, às vezes associadas a piscamentos ou movimentos automáticos das mãos. As crises de ausência podem ocorrer muitas vezes ao dia. Em alguns casos, não são reconhecidas prontamente, e só quando a criança começa a apresentar prejuízo do desempenho escolar – normalmente apontado pelo professor na escola – essa possibilidade é considerada.
Diagnóstico:
É feito por meio da avaliação do histórico do paciente, com informações sobre os tipos de crise apresentados, a idade de início dos sintomas, a história familiar, entre outras. Exames complementares são importantes para auxiliar no diagnóstico, como o eletroencefalograma, a tomografia de crânio e a ressonância magnética do cérebro. O diagnóstico apropriado da epilepsia e do tipo de crise apresentado pelo paciente permite a escolha do tratamento adequado.
Tratamento:
As crises epilépticas são tratadas com o uso de medicações específicas, denominadas fármacos antiepilépticos. Há mais de 20 fármacos disponíveis atualmente para o tratamento da epilepsia – nem todas comercializados no Brasil.
Com o tratamento clínico (com medicamentos antiepilépticos), cerca de dois terços dos pacientes têm suas crises controladas. Um número significativo – cerca de um terço – porém, continua tendo crises a despeito do tratamento clínico.
Para esses pacientes, outras opções de tratamento podem ser consideradas, como o uso da dieta cetogênica (semelhante à dieta Atkins), principalmente em crianças, e o tratamento cirúrgico.
A neuromodulação, com a estimulação do cérebro ou de nervos periféricos, também pode ser uma opção terapêutica em pacientes com epilepsia de difícil controle. Mais recentemente, o canabidiol – um dos compostos da folha da maconha – passou a ser utilizado no tratamento da epilepsia, com bons resultados; é importante destacar que o canabidiol não tem qualquer efeito psicoativo, sendo seu uso seguro em adultos e crianças.
A maioria das pessoas com epilepsia tem suas crises controladas com o tratamento medicamentoso e, portanto, podem ter vida normal, com pouca ou nenhuma limitação. O reconhecimento das crises e o diagnóstico correto permitem que o melhor tratamento seja iniciado precocemente e que o paciente possa retomar normalmente suas atividades.
Prevenção:
Algumas causas de epilepsia, como a anóxia neonatal e as doenças cerebrovasculares podem ser prevenidas. Assim, um acompanhamento pré-natal adequado e uma boa assistência ao parto certamente podem colaborar para reduzir o número de casos de epilepsia relacionados aos problemas do parto.
Da mesma forma, o controle apropriado dos fatores de risco para doenças cerebrovasculares, como a hipertensão arterial e o diabetes, levam a uma redução no número de acidentes vasculares cerebrais e, portanto, dos casos de epilepsia decorrentes dessa enfermidade.
As repercussões sociais e psicológicas das epilepsias são enormes, assim como os problemas enfrentados pelos pacientes e seus familiares. A discriminação e o preconceito dificultam sua inserção na sociedade, principalmente no que se refere à obtenção e manutenção de empregos, o que leva a dificuldades econômicas, inclusive para a aquisição dos medicamentos antiepilépticos.
Apesar dos apelos à ação por parte da Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras organizações, essa grave doença de grande abrangência populacional continua sendo subfinanciada, subdiagnosticada, subtratada e excessivamente estigmatizada.
Ações coordenadas envolvendo pacientes e organizações médicas, parceiros comerciais e outros associados, através de campanhas em mídia de massa, podem se mostrar úteis ao conscientizar e minimizar os aspectos negativos do estigma e discriminação, melhorando a qualidade de vida das pessoas com epilepsia e a de seus familiares.
Como proceder durante as crises:
Durante um episódio de crise epiléptica em que a pessoa está se debatendo, é preciso esvaziar a área ao redor dela, tirando de perto objetos que possam machucá-la ou nos quais ela possa esbarrar; deitá-la de lado e proteger sua cabeça, colocando algo macio embaixo, como uma almofada; afrouxar suas roupas para ajudá-la a respirar melhor e não colocar nada em sua boca, nem tentar segurar sua língua. Normalmente, a crise passa rapidamente. Se durar mais que 5 minutos, acione o socorro.
Fontes:
Associação Brasileira de Epilepsia
Dr. Dráuzio Varella
Hospital Israelita Albert Einstein
International Epilepsy Day
RIOS, João Gabriel Barboza et al. Combatendo o estigma da epilepsia através de um videoclipe. Boletim do Curso de Medicina da UFSC, v. 6, n.2, 2020