A campanha 2022 da European Federation of Crohn’s & Ulcerative Colitis Associations (EFCCA) objetiva aumentar a conscientização sobre o impacto que a Doença Inflamatória Intestinal (DII) tem sobre os idosos.
Sob o slogan DII não tem idade, a EFCCA pretende chamar a atenção para como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa (coletivamente conhecidas como Doença Inflamatória Intestinal) estão impactando a qualidade de vida e os cuidados dos idosos (acima de 60 anos) afetados.
Este grupo etário tem sido consistentemente sub-representado, embora a incidência e a prevalência de DII em pacientes mais velhos esteja aumentando. Há estimativas de que, na próxima década, essa faixa representará mais de um terço do total dos que tem a Doença. No entanto, há poucas evidências científicas para entender como ela afeta a saúde e a qualidade de vida dos idosos.
Pacientes idosos com DII correm um risco muito maior de comorbidades e complicações devido à sua condição; também são mais propensos a tomar uma ampla gama de medicamentos para tratar outras condições.
Intervenções cirúrgicas em populações idosas também podem estar associadas a alto risco. Comorbidades comuns, especialmente malignidade e maior predisposição a infecções, podem tornar os pacientes idosos mais vulneráveis às complicações da imunossupressão.
Segundo a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), as doenças inflamatórias intestinais atingem mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo e não têm cura, mas o diagnóstico precoce ajuda a estabelecer um tratamento que melhore sua qualidade de vida.
No Brasil, tem sido observado aumento dos casos nos últimos anos, sendo as mais comuns a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa.
De acordo com Paulo Gustavo Kotze, membro titular da SBCP: “No Brasil, a prevalência das doenças inflamatórias intestinais chega a 100 casos para cada 100 mil habitantes no sistema público, sendo a maior concentração nas regiões Sudeste e Sul.
Em alguns países desenvolvidos, a prevalência pode chegar a até 1% da população. Já a incidência média em 2020 no país foi de sete casos para retocolite ulcerativa e três para doença de Crohn para cada 100 mil habitantes”.
Doença Inflamatória Intestinal (DII) é um conjunto de sinais e sintomas que se manifestam, predominantemente, no cólon, parte do intestino cuja função é extrair água e sais minerais dos alimentos digeridos e as vitaminas K, B1 (tiamina) e B2 (riboflavina), que são produzidas pelas mais de 700 espécies de bactérias que formam a flora intestinal.
Sintomas:
– desconforto abdominal;
– sensação de barriga estufada;
– dor;
– cólicas;
– alternância entre períodos de diarreia e de prisão de ventre;
– flatulência (gases) exagerada;
– sensação de esvaziamento incompleto do intestino.
Os sintomas podem piorar depois da ingestão de certos alimentos, como cafeína, álcool e comidas gordurosas.
Causas:
– motilidade anormal do intestino delgado durante o jejum, contrações exageradas depois da ingestão de alimentos gordurosos ou em resposta ao estresse;
– hipersensibilidade dos receptores nervosos da parede intestinal à falta de oxigênio, distensão, conteúdo fecal, infecção e às alterações psicológicas;
– níveis elevados de neurotransmissores (como a serotonina, por exemplo) no sangue e no intestino grosso;
– infecções e processos inflamatórios;
– depressão e ansiedade.
Tratamento:
A DII não tem cura e seu tratamento visa a melhorar os sintomas como, dor, prisão de ventre e diarreia. Normalmente, os pacientes precisam fazer mudanças na alimentação e no estilo de vida, além de fazer uso de medicamentos em fases mais intensas, que provoquem muito desconforto. O paciente pode passar longos períodos sem manifestações clínicas, mas o problema sempre pode retornar, tanto por distúrbios intestinais quanto por fatores emocionais.
Principais alimentos a serem evitados:
– comidas gordurosas;
– álcool;
– cafeína;
– açúcar;
– produtos com sorbitol (como balas sem açúcar e chicletes);
– vegetais que aumentam a produção de gases (como feijão, repolho e batata doce);
– leite e derivados;
– alimentos picantes ou com muitos conservantes.
Outras recomendações:
– fazer uma lista dos alimentos que possam estar associados ao aparecimento das crises e evitá-los;
– adotar uma dieta com baixo teor de gordura e rica em fibras, mas cuidado com os vegetais que aumentam a produção de gases, como repolho, couve-flor, batata doce, feijão, entre outros;
– manter um programa diário de exercícios físicos;
– não fumar;
– não desprezar o benefício que a psicoterapia e outras técnicas terapêuticas (relaxamento, por exemplo) podem trazer.
Fontes:
Agência Brasil
Dr. Dráuzio Varella
European Federation of Crohn’s & Ulcerative Colitis Associations (EFCCA)
Hospital A. C. Camargo