26/5 – Dia Nacional de Combate ao Glaucoma


 

Apontado como principal causador de cegueiras irreversíveis, o glaucoma é um mal silencioso com possibilidade de afetar até 2,5 milhões de pessoas com mais de 40 anos no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira do Glaucoma (SBG).

O mais preocupante, segundo o oftalmologista Roberto Galvão Filho, presidente da SBG, é que 70% dessas pessoas não sabem que sofrem da doença, que pode ser definida como uma elevação da pressão intraocular que danifica o nervo óptico.

“Dispomos dos melhores diagnósticos e tratamentos do mundo no Brasil. A dificuldade que a gente tem é que o paciente com o glaucoma chegue até nós. O glaucoma não dói e, na maioria das vezes, não tem nenhum sintoma. O defeito que o glaucoma causa começa na periferia visual para depois ir para o centro, então, o paciente não percebe que está perdendo a visão. Quando ele percebe que tem alguma coisa errada, até 60% do nervo ótico já foi destruído”.

A doença é causada pela dificuldade de drenagem do humor aquoso, um líquido produzido dentro do olho com a função de nutrir as estruturas intraoculares e oculares. Sem conseguir drenar adequadamente esse líquido, a pressão intraocular eleva-se e começa a lesar o nervo óptico, progressivamente. Como não é possível recuperar essas partes lesadas, o avanço dos danos pode provocar cegueira, pois essa é a estrutura que permite ao cérebro reconhecer as formas e cores captadas.

Quanto mais precoce o diagnóstico, maiores são as chances de se evitar a perda da visão. Caso não seja tratado, quem vive com glaucoma pode começar a perder a visão periférica, ou seja, quando olha para a frente, enxerga nitidamente os objetos distantes, mas não vê o que está nas laterais, como se o olho estivesse observando através de um tubo. Em estágios mais avançados, a visão central também é atingida e a doença pode evoluir para a cegueira.

Tipos de glaucoma:

O glaucoma primário de ângulo aberto, o mais comum nas pessoas, não apresenta sintomas na maioria dos casos. Já o glaucoma de ângulo fechado é um tipo diferente, que ocasiona pressão alta e outros sintomas, como: olhos muito vermelhos e dores no olho e na cabeça. Por fim, o glaucoma congênito, que é hereditário, detectado nos primeiros dias de vida dos bebês, é tratado por meio de cirurgia para evitar uma cegueira futura.

Diagnóstico e tratamento:

A doença pode se desenvolver durante meses ou anos sem apresentar sintomas, que só aparecem na fase mais avançada, quando a pessoa começa a ter perda da visão periférica. Pessoas que têm parentes com glaucoma, indivíduos com mais de 40 anos, pacientes com alto grau de miopia e diabéticos devem estar ainda mais atentos para a realização dos testes de rotina que avaliam a estrutura dos olhos, o campo de visão e o nível de pressão ocular.

Apesar de ser crônico e sem cura, o glaucoma tem controle, com tratamento adequado e contínuo, que pode ser feito com colírios, cirurgias ou uso do laser, a depender da necessidade de cada caso. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece os medicamentos necessários para o tratamento do glaucoma por meio do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF).

Atualmente, o Brasil conta com 441 estabelecimentos de saúde habilitados na assistência ao glaucoma pelo SUS. Em 2021, foram 2,3 milhões atendimentos ambulatoriais e 5,2 mil procedimentos hospitalares, ou seja, que não necessitaram e que necessitaram de internação, respectivamente, em decorrência do problema.

O SUS oferece 18 procedimentos para acompanhamento, avaliação e tratamento do glaucoma. Para serem encaminhados aos Serviços de Atenção Especializada, os pacientes devem primeiro procurar uma das 48 mil Unidades de Saúde da Família espalhadas por todo o País.

Prevenção:

Uma das principais estratégias de prevenção, controle e enfrentamento ao glaucoma é prevenindo as doenças que podem causar o problema, tais como diabetes, miopia e lesões oculares. As ações preventivas permitem sua detecção precoce – principalmente quando há hereditariedade, o que contribuiu para um tratamento mais rápido e adequado.

Já o glaucoma infantil deve ser suspeitado pelo pediatra ainda na maternidade, logo após o bebê nascer, por meio do Teste do Olhinho. Diferentemente do adulto, o recém-nascido com glaucoma apresenta muitos sintomas, como lacrimejamento, aversão à luz, aumento do tamanho do globo ocular, além da perda do brilho natural dos olhos. Esses sintomas podem surgir mais comumente em qualquer momento durante o primeiro ano de vida.

 

O Dia Nacional de Combate ao Glaucoma foi instituído pela Lei nº 10.456/2002 com o intuito de conscientizar e alertar sobre a doença – considerada a segunda causa de cegueira no Brasil, atrás apenas da catarata.

Nessa data são realizadas campanhas para informar a população sobre a necessidade do diagnóstico precoce e do tratamento adequado.

 

Fontes:

Agência Brasil
Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP)
Ministério da Saúde
Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE)
Tribunal Regional Federal da 2ª Região – RJ