Albert Bruce Sabin nasceu na cidade de Bialystok, Rússia (atual Polônia), em 26 de agosto de 1906. Aos quinze anos, mudou-se com toda a família para os Estados Unidos, onde obteve seu diploma em 1931, pela Universidade de Nova Iorque.
Sabin foi médico interno do Hospital Bellevue (1932-34), fez curso no Instituto Lister de Medicina Preventiva de Londres (1934-35), foi associado do Instituto Rockfeller para pesquisas médicas (1935-37) e professor de pesquisas pediátricas da Universidade de Cincinnati (1939). Desde o início demonstrou interesse em pesquisas nas áreas de doenças infecciosas, principalmente as relacionadas à poliomielite.
Dedicou 25 anos de sua vida ao estudo da poliomielite e desde 1952 voltou-se especialmente à obtenção de uma vacina de vírus vivo atenuado, para uso oral, o que conseguiu realizar por volta de 1960. A primeira vacina contra a poliomielite foi a vacina Salk, injetável, desenvolvida com vírus morto, por Jonas Edward Salk, eficaz na maioria das complicações, mas não era muito eficiente na prevenção.
A vacina Sabin, lançada no mercado em 1961-62, é a mais usada atualmente porque permite imunidade intestinal e corporal, enquanto que a vacina morta só oferece imunidade corporal. Além disso, a vacina Sabin produz imunidade vitalícia, sem a necessidade de injeção ou vacinação auxiliares.
Por esse motivo, em 1957, a Organização Mundial de Saúde (OMS) decidiu testar a vacina no mundo. Ele foi convidado a administrar a vacina em grandes grupos de crianças em algumas partes de Rússia, Holanda, México, Chile, Suécia e Japão. Porém, nos Estados Unidos teve dificuldades para convencer a Fundação de Poliomielite e o Serviço de Saúde Pública norte-americano de que o uso do seu método era melhor que o método de vacina com vírus morto de Salk.
Comprovada sua eficiência, foi lançada no mercado em 1961/62, eliminando a pólio dos países por ela atingidos. Albert Sabin renunciou aos direitos de patente para facilitar a utilização da vacina em todas as partes do mundo.
Uma vantagem adicional da vacina oral de Sabin, especialmente em países menos desenvolvidos, é a facilidade de administração: deve ser tomada em três etapas, com 6 a 8 semanas de intervalo e deve ser renovada anualmente nos primeiros anos de vida da criança.
Nas décadas de 70 e 80, o criador da vacina contra a pólio se empenhou na investigação da relação entre vírus e câncer. Entre 1970 e 1972, foi presidente do Instituto de Ciências de Weizmann, Israel. Dedicou também boa parte de seu tempo às pesquisas no Instituto Nacional do Câncer, Estados Unidos (1974).
Albert Sabin faleceu em Washington no dia 3 de março de 1993, mas seu nome continuou a ter força e impacto significativo em toda a comunidade científica internacional.
A Poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus, que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes e provocar ou não paralisia. Nos casos graves, em que acontecem as paralisias musculares, os membros inferiores são os mais atingidos.
A doença permanece endêmica em dois países: Afeganistão e Paquistão, com registro de 05 casos em 2021. Nenhum caso confirmado nas Américas. Como resultado da intensificação da vacinação, no Brasil não há circulação de poliovírus selvagem (da poliomielite) desde 1990.
No Brasil, o último caso de infecção pelo poliovírus selvagem ocorreu em 1989, na cidade de Souza/PB. A estratégia adotada para a eliminação do vírus no país foi centrada na realização de campanhas de vacinação em massa com a vacina oral contra a pólio (VOP). Essa vacina propicia imunidade individual e aumenta a imunidade de grupo na população em geral, com a disseminação do poliovírus vacinal no meio ambiente, em um curto espaço de tempo.
Chama-se a atenção para o risco de importação de casos de países onde ainda há circulação endêmica do poliovírus selvagem (Paquistão e Afeganistão). Com isso, reforça-se a necessidade de manter ações permanentes e efetivas de vigilância da doença e níveis adequados de proteção imunológica da população.
Sintomas da poliomielite:
Os sinais e sintomas da poliomielite variam conforme as formas clínicas, desde ausência de sintomas até manifestações neurológicas mais graves. A poliomielite pode causar paralisia e até mesmo a morte, mas a maioria das pessoas infectadas não fica doente e não manifesta sintomas, deixando a doença passar despercebida.
Os mais frequentes são:
– Febre;
– Mal-estar-estar;
– Dor de cabeça;
– Dor de garganta e no corpo;
– Vômitos;
– Diarreia;
– Constipação (prisão de ventre);
– Espasmos;
– Rigidez na nuca;
– Meningite.
Na forma paralítica ocorre:
– Instalação súbita de deficiência motora, acompanhada de febre;
– Assimetria acometendo, sobretudo a musculatura dos membros, com mais frequência os inferiores;
– Flacidez muscular, com diminuição ou abolição de reflexos profundos na área paralisada;
– Sensibilidade conservada;
– Persistência de paralisia residual (sequela) após 60 dias do início da doença.
Não existe tratamento específico para a poliomielite; todas as vítimas de contágio devem ser hospitalizadas, recebendo tratamento dos sintomas de acordo com o quadro clínico do paciente.
A falta de saneamento, as más condições habitacionais e a higiene pessoal precária constituem fatores que favorecem a transmissão do poliovírus, causador da doença.
As sequelas da poliomielite normalmente são motoras e estão relacionadas com a infecção da medula e do cérebro pelo poliovírus. Não há cura, porém, por meio de fisioterapia e realização de exercícios, é possível desenvolver a força dos músculos afetados e ajudar na postura, com melhora da qualidade de vida. Além disso, pode ser indicado o uso de medicamentos para aliviar as dores musculares e das articulações.
Abaixo estão as principais:
– Problemas e dores nas articulações;
– Pé torto, conhecido como pé equino, em que a pessoa não consegue andar porque o calcanhar não encosta no chão;
– Crescimento diferente das pernas, o que faz com que a pessoa manque e incline-se para um lado, causando escoliose;
– Osteoporose;
– Paralisia de uma das pernas;
– Paralisia dos músculos da fala e da deglutição, o que provoca acúmulo de secreções na boca e na garganta;
– Dificuldade de falar;
– Atrofia muscular;
– Hipersensibilidade ao toque.
Prevenção:
A vacinação é a única forma de prevenção da Poliomielite. Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas conforme esquema de vacinação de rotina e na campanha nacional anual.
Desde 2016, o esquema vacinal contra a poliomielite passou a ser de três doses da vacina injetável – VIP (2, 4 e 6 meses) e mais duas doses de reforço com a vacina oral bivalente– VOP (gotinha). A mudança está de acordo com a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e faz parte do processo de erradicação mundial da pólio.
Fontes: