Nascido há 200 anos, o químico francês estabeleceu as formas usadas até hoje para prevenir a transmissão de doenças infecciosas.
Lavar as mãos, cortar o cabelo, tomar água filtrada e leite fervido, manter a casa limpa e outros hábitos do dia a dia resultam das ideias sobre transmissão de doenças por microrganismos promovidas pelo químico francês Louis Pasteur no final do século XIX. Ele nasceu há 200 anos, em dezembro de 1822, em Dôle, cidade a leste da França. Ao morrer, aos 72 anos, em 1895, havia se tornado um dos personagens mais importantes da história da ciência mundial – e ainda hoje é nome de ruas, escolas, edifícios, centros de pesquisa e laboratórios de análises clínicas. O Instituto Pasteur de Paris é uma das maiores instituições de pesquisa em doenças infecciosas e produção de vacinas do planeta, com ramificações em 26 países.
Na segunda metade do século XIX, com o patologista alemão Robert Koch (1843-1910), Pasteur lançou as bases da microbiologia e o conceito – hoje óbvio – de que as doenças infecciosas são causadas por microrganismos e podem ser prevenidas por meio de medidas de higiene e de vacinas.
Com sua equipe, foi um dos primeiros a produzir em laboratório, com bases científicas, vacinas de uso veterinário e humano contra doenças infecciosas.
Entre 1878 e 1886, a Gazeta Médica da Bahia publicou traduções de artigos de Pasteur sobre as aplicações da teoria dos germes à medicina, permitindo cirurgias mais amplas e seguras, com menor risco de infecção, e sobre os testes com a vacina contra a raiva, mas também deu espaço a contestações.
“A bacteriologia teve um impacto imenso na saúde coletiva, porque permitiu a prevenção de doenças infecciosas, por meio do isolamento de doentes, da vacinação e da melhoria das condições de vida da população para evitar a transmissão dos patógenos”, comenta Luiz Antonio Teixeira, historiador da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz. Foi com base nas ideias de Pasteur que o médico Oswaldo Cruz (1872-1917) debelou a epidemia de febre amarela no início do século XX.
Segundo Teixeira, um dos limites da bacteriologia é o que ele chama de unicausalidade – a causa única para o surgimento de uma doença ou epidemia, o que ofusca a existência de outros fatores, como as condições de vida, que favorecem a evolução de enfermidades, como a tuberculose: “Durante décadas, a visão unicausal das doenças limitou as ações da saúde pública.
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