“Derrotar a meningite”: 05/10 – Dia Mundial da Meningite


 

O Dia Mundial da Meningite foi comemorado pela primeira vez em 2008 e, desde então, a Confederation of Meningitis Organisations (CoMO) tem usado esta oportunidade para aumentar a conscientização sobre a doença – um problema de saúde pública global, grave, que pode matar em questão de horas ou causar incapacidade vitalícia.

Historicamente, a celebração era realizada em 24 de abril, fazendo com que fosse ladeada por outras campanhas de saúde significativas, mas que dificultavam a participação de outros parceiros. Alterada para 5 de outubro, a CoMO agora trabalha para que seja reconhecida como um dia oficial da saúde, o que permitirá alavancar uma plataforma de maior alcance com informações que salvam vidas.

Apesar de ser uma doença amplamente evitável por vacina, o progresso para derrotá-la não alcançou os níveis de sucesso de outras doenças infecciosas, o que poderia salvar mais de 200.000 vidas, anualmente, e reduzir de forma significativa as deficiências causadas.

A cada ano ocorrem até 5 milhões de casos, incluindo epidemias de novas cepas que se espalham entre países e em todo o mundo. Provoca 1 morte a cada 10 casos e deixa sequelas, como: epilepsia, surdez e perda de membros, mudando totalmente a vida de 1 pessoa em cada 5 casos.

Em 2017, representantes de organizações de pacientes, governos, organizações de saúde globais e regionais, órgãos de saúde pública, academia e setor privado reivindicaram uma ação globalmente coordenada para derrotar a meningite.

No ano passado, países de todo o mundo se comprometeram com a The Global Road Map to Defeat Meningitis by 2030, uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), conduzida pela Meningitis Research Foundation (MRF) e pela rede CoMO.

O roteiro global para derrotar a meningite foi aprovado por 194 Estados-Membros da OMS e abrirá caminho para um grande progresso na luta contra a doença, ao reunir cientistas, formuladores de políticas, grupos de pacientes e outras partes interessadas para enfrentar as principais questões relacionadas à enfermidade.

No Brasil, a doença é considerada endêmica, com casos esperados ao longo de todo o ano e a ocorrência de surtos e epidemias ocasionais. As meningites bacterianas são mais comuns no outono-inverno e as virais na primavera-verão.

Entre os anos de 2007 e 2020, foram notificados 393.941 casos suspeitos de meningite. Destes, foram confirmados 265.644 casos de várias etiologias, sendo a viral a mais frequente (121.955 casos), seguida pela bacteriana (87.993 casos).

O país registrou até o momento 5.821 casos de meningite e 702 óbitos (média de 78 mortes por mês), com taxa de cobertura vacinal em torno de 52,08%.

A meningite é uma inflamação das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal.

Pode ser causada por bactérias, vírus, fungos e parasitas. As meningites virais e bacterianas são as de maior importância para a saúde pública, considerando a magnitude de sua ocorrência e o potencial de produzir surtos.

Em geral, a transmissão é de pessoa para pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta. Também ocorre a transmissão fecal-oral, através da ingestão de água e alimentos contaminados e contato com fezes.

Apesar de ser habitualmente causada por microrganismos, também pode ter origem em processos inflamatórios, como câncer (metástases para meninges), lúpus, reação a algumas drogas, traumatismo craniano e cirurgias cerebrais.

Tratamento:

Devido à gravidade do quadro clínico, os casos suspeitos de meningite sempre são internados nos hospitais, por isso, ao se suspeitar de um caso, é urgente a procura por um pronto-socorro hospitalar para avaliação médica. De acordo com a causa da doença é instituído o tratamento adequado.

Prevenção e controle:

A vacinação é a forma mais eficaz de prevenir a meningite: as vacinas conjugadas para Haemophilus influenzae tipo B, Meningococo do sorogrupo C e Pneumococo estão hoje presentes no calendário de imunização da infância, além da vacina contra o Meningococo B, infelizmente disponível somente na rede particular. Além disso, houve também a inclusão da vacina para Meningococo com os sorogrupos ACWY na adolescência.

Apesar de termos no calendário oficial de imunização estas vacinas, nos últimos anos têm se observado uma queda de cobertura vacinal, inclusive nas vacinas que previnem meningite bacteriana, portanto é importante que a imunização na infância e na adolescência seja incentivada para que se possa diminuir a presença desta temível doença.

Mesmo tendo havido uma diminuição importante das meningites, particularmente daquelas prevenidas pela imunização, é importante a atenção de todos quanto aos sintomas iniciais nas crianças pequenas: febre (ou hipotermia), vômitos, prostração, inapetência e manchas na pele e, nas crianças maiores e adolescentes, além dos sintomas já citados, dor de cabeça, palidez, dor na nuca e no pescoço (rigidez) – para que o diagnóstico seja feito de forma precoce e o tratamento instituído rapidamente.

Importante: os sintomas característicos dos quadros de meningite viral ou bacteriana nunca devem ser desconsiderados, especialmente em duas faixas etárias extremas: nos primeiros anos de vida e quando as pessoas começam a envelhecer. Na presença de sinais que possam sugerir a doença, a pessoa deve ser encaminhada para atendimento médico de urgência.

Recomendações:

– Cuidados com a higiene são fundamentais na prevenção das meningites. Lavar as mãos com frequência, especialmente antes das refeições;
– Alguns sintomas da meningite podem ser confundidos com os de outras infecções por vírus e bactérias. Não fique na dúvida: criança chorosa, inapetente e prostrada, que se queixa de dor de cabeça, precisa ser levada, o mais depressa possível, para avaliação médica de urgência.

 

Fontes:

Confederation of Meningitis Organisations (CoMO)
Dr. Dráuzio Varella
FILHO, Eduardo F. Surto de meningite: quatro estados já apresentam alta no número de casos da doença. O Globo, 30/9/2022
Meningitis Research Foundation (MRF)
Ministério da Saúde
Sociedade de Pediatria de São Paulo
World Health Organization