SAÚDE MENTAL


ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE; PLANOS E PROGRAMAS DE SAÚDE

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GERBALDO, Tiziana Bezerra; ARRUDA, Adenilda Teixeira; HORTA, Bernardo Lessa; GARNELO, Luiza. Avaliação da organização do cuidado em saúde mental na atenção básica à saúde do Brasil. Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 16, n. 3, p. 1079-1094, set./dez. 2018. Disponível em Scielo

Este artigo resultou de um estudo transversal sobre o cuidado em saúde mental com 29.778 equipes da Estratégia Saúde da Família de todo o Brasil (87,1% do total), incluindo avaliação normativa dos dados do segundo ciclo do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (2013-2014) nas dimensões perfil dos profissionais, promoção da saúde mental, gestão e oferta do cuidado. Os resultados mostraram que 33,8% dos entrevistados tinham vínculo trabalhista precário e 60,3% deles se sentiam despreparados para atuar em saúde mental. A oferta do conjunto de ações avaliadas só ocorreu em 9,5% das equipes em todo o Brasil (2,2% na região Norte). Cerca de metade não desenvolvia estratégias de promoção da saúde e apenas 9,8% efetivavam a gestão do cuidado. Concluiu-se que os baixos percentuais de implantação em nível nacional coexistem com expressivas desigualdades regionais, com piores resultados no Norte. Fazem-se necessários o fortalecimento de ações de promoção da saúde, a qualificação das equipes, a desprecarização de vínculos e o reordenamento da gestão do cuidado.

EDUCAÇÃO PERMANENTE; RECURSOS HUMANOS EM SAÚDE; COMUNIDADE DE PRÁTICA

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MARCOLINO, Taís Quevedo; FANTINATTI, Eliane Nascimento; GOZZI, Alana de Paiva Nogueira Fornereto. Comunidade de prática e cuidado em saúde mental: uma revisão sistemática. Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 643-658, maio/ago. 2018. Disponível em Scielo

O cuidado em saúde mental é dependente de recursos humanos qualificados para responder dinamicamente às necessidades dos usuários dos serviços. A qualificação desse cuidado pela reflexão sobre os processos de trabalho é essencial para a efetivação da mudança para uma perspectiva comunitária e biopsicossocial. A comunidade de prática é um referencial teórico-metodológico que fomenta a aprendizagem colaborativa por meio do engajamento mútuo em projeto comum e da negociação de significados. A pesquisa teve por objetivo sistematizar a utilização da comunidade de prática para melhoria do cuidado em saúde mental via revisão sistemática no Portal de Periódicos da Capes e na Biblioteca Virtual em Saúde, em março de 2015. De 19 artigos encontrados, nove foram selecionados para análise. Os estudos avaliaram positivamente a comunidade de prática para melhorar os serviços oferecidos à população, oferecer capacitação com especialistas e implementar novos métodos de trabalho. Destacaram-se fragilidades (recursos financeiros, desalinhamento inicial entre os participantes, conflitos grupais) e potencialidades (engajamento real dos participantes; participação virtual; acesso a especialistas; integração de profissionais, usuários e familiares num único projeto; necessidades formativas em contexto). Espera-se elucidar possibilidades para a criação de estratégias formativas e investigativas para educação permanente em saúde mental.

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE; SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL; ASSISTÊNCIA CENTRADA NO PACIENTE

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FIDELIS, Ariélly Cristina. Sentido do cuidado em saúde mental: sobre a rede de atenção psicossocial do Sistema Único de Saúde (SUS). Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 561-582, maio/ago. 2018. Disponível em Scielo

Diferentes concepções de cuidado permeiam o setor da saúde e influenciam as práticas adotadas em todos os campos, inclusive o da saúde mental. Nesta pesquisa buscou-se sentido para o cuidado em saúde mental na Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde do Brasil. O estudo configura-se metodologicamente como qualitativo de cunho fenomenológico, com base no referencial hermenêutico de Heidegger. O caminho analítico foi inspirado também pela Antropologia Visual e o seu fazer etnográfico. O esforço empreendido ocorreu com a seleção de 21 fotografias que retratam vivências que apontam para o cuidado exercido no interior dos dispositivos de saúde mental. Por meio destas imagens, o sentido do cuidado exercido nos dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial emergiu ainda atrelado à noção de cuidado baseado em ações efetivas e ao funcionamento considerado adequado exclusivamente por meio de cumprimento de protocolos, critérios e atividades assistenciais preconizadas nos manuais. O cuidado considerado necessário para o âmbito da saúde mental é o que valoriza as pessoas, interessa-se por seus sentimentos e mantém expectativas quanto ao que os profissionais possam vir a colaborar para a satisfação das suas necessidades, para a redução do seu sofrimento e para a reconfiguração dos dispositivos de saúde.