SAÚDE MENTAL


INTERVENÇÃO NA CRISE; HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS; SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA DOMICILIAR; REVISÃO SISTEMÁTICA

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TOMAS, Margarida et al. A efetividade das equipas de hospitalização domiciliária psiquiátrica: um protocolo de revisão sistemática. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, Porto, [online], n. 29, p. 138-148, 2023. Disponível em Scielo

Contexto: A pessoa em crise de saúde mental pode precisar de tratamento intensivo que, em muitos países, implica um internamento psiquiátrico que pode afetar negativamente o indivíduo. Além disso, envolve o seu afastamento dos espaços quotidianos, o que implica um esforço adaptativo ao retornar à comunidade. A fim de reduzir o impacto do tratamento de uma crise de saúde mental, as Equipes de Hospitalização Domiciliária Psiquiátrica (EHDP) constituem-se como alternativa ao internamento hospitalar. Objetivo: Analisar e evidenciar a eficácia das EHDP na redução de dias de tratamento, recaídas e reinternamento de adultos (18-65 anos) em comparação com o tratamento usual definido como internamento hospitalar. Métodos: Desenvolveremos uma revisão sistemática da literatura de acordo com o Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) 2019 Statement. Dois autores conduzirão independentemente a inclusão de estudos, a extração de dados, a avaliação da qualidade e do risco de viés. Incluiremos estudos experimentais como ensaios clínicos randomizados, não randomizados, quase-experimentais, estudos pré e pós-teste, estudos de coorte prospetivos e retrospectivos e estudos de caso-controle envolvendo adultos em idade ativa (18-65 anos), independentemente da cultura, etnia ou diagnóstico de saúde mental. Resultados: Incluiremos outcomes primários como dias de tratamento, recaída (conforme definido por cada estudo) e reinternamento. Os outcomes secundários incluem a satisfação do cliente com o serviço, taxa de abandono e proporção de pacientes com eventos adversos (suicídio, automutilação ou agressão/violência). Conclusões: Este estudo trará evidências para determinar a necessidade de criar e incentivar a implementação de EHDP como uma resposta alternativa eficaz ao internamento psiquiátrico.

 

POLÍTICA DE SAÚDE; POLÍTICA PÚBLICA; AVALIAÇÃO DE AÇÕES DE SAÚDE PÚBLICA

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LIMA, Francisco Anderson Carvalho de; CABRAL, Mariana Pompílio Gomes; GUSSI, Alcides Fernando; ARAÚJO, Carmem Emmanuely Leitão. Digressões da Reforma Psiquiátrica brasileira na conformação da Nova Política de Saúde Mental. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, [online], v. 33, e33078, 2023. Disponível em Scielo

No Brasil, a Política Nacional de Saúde Mental vinha se desenhando progressivamente em atos institucionais que buscavam consolidar o modelo de atenção aberto e de base comunitária por meio das diretrizes de desinstitucionalização, conquistando avanços legislativos, especialmente a partir da Lei nº 10.216/2001. Este artigo objetiva analisar a chamada Nova Política de Saúde Mental, considerando o período de 2011 a 2020. Foram analisados atos normativos dos governos brasileiros, em consonância com publicações recentes sobre a temática, inspirando-se no paradigma pós-construtivista em sua conjugação com a avaliação em profundidade de políticas, sobretudo no que tange à análise da trajetória da política na dimensão analítica do texto. Nesse percurso, observou-se o despojamento da proteção social em saúde mental por meio da desconstrução da atenção psicossocial em conformações com agendas do Estado brasileiro nesse período. Embora retrocessos sejam mais intensos a partir do recrudescimento do conservadorismo dos últimos governos, o estudo tonifica o argumento de que medidas instituídas em outros contextos políticos também dificultaram o processo de rompimento com o modelo asilar. Entende-se que atos institucionais, gestados no seio dos governos brasileiros no período de 2011 a 2020, materializam uma digressão da Reforma Psiquiátrica por meio da implementação da Nova Política em 2017.