O Dia Nacional do Sistema Braille foi instituído no Brasil por meio da Lei nº 12.266/2010. Celebrada em 08/4, a data faz alusão ao nascimento de José Álvares de Azevedo, primeiro professor cego e que aprendeu a técnica ainda criança, dedicando-se a disseminá-la, com apoio do Imperial Instituto de Meninos Cegos, hoje Instituto Benjamin Constant (IBC), no Rio de Janeiro.
O objetivo da campanha é propor reflexões sobre os desafios enfrentados pelas pessoas com cegueira e deficiência visual e a importância de que sejam produzidas obras em relevo, para lhes proporcionar iguais oportunidades de ler e aprender.
Trata-se de um sistema universal de leitura e escrita para pessoas cegas ou com deficiência visual, criado pelo francês Louis Braille, que aos 5 anos de idade, em 1812, sofreu um acidente com as ferramentas de marcenaria de seu pai e ficou completamente cego.
Após iniciar os estudos em uma escola regular, aos 10 anos, ele ganhou uma bolsa para estudar no Instituto Nacional para Jovens Cegos, na capital francesa. Naquela época o sistema de leitura usado era muito básico – as letras ficavam em relevo e os alunos passavam os dedos lentamente sobre cada uma para formar palavras e frases.
Com persistência, em 1829, o jovem publicou a primeira versão do sistema que hoje é usado como forma oficial de escrita e de leitura das pessoas cegas.
Em 1892 o norte-americano Frank H. Hall incorporou avanços ao método com a criação de uma máquina Braille, composta por sete teclas que formam diferentes combinações representando letras, números e outros sinais.
Baseado na combinação de seis pontos dispostos em duas colunas e três linhas, o sistema Braille compõe 63 caracteres diferentes, que representam as letras do alfabeto, os números, os sinais de pontuação e de acentuação, a simbologia científica, musicográfica, fonética e informática.
O sistema adapta-se perfeitamente à leitura tátil, pois os seis pontos em relevo podem ser percebidos pela parte mais sensível do dedo com apenas um toque.
Feita apenas de forma tátil, da esquerda para a direita, a leitura Braille alcançou muitos avanços ao longo do tempo. Atualmente, além da leitura no papel, também é possível ler utilizando uma Linha Braille, um equipamento que pode ser conectado ao computador ou celular e que exibe a informação contida na tela.
Com o empenho de especialistas, tornou-se um sistema universal de leitura e escrita, sendo adaptado a vários alfabetos, como o chinês, o árabe e o guarani. Foi adaptado, ainda, para todas as áreas do conhecimento, tendo combinações que permitem, por exemplo, a leitura de tabelas, gráficos, partituras musicais, equações matemáticas e estruturas químicas.
É uma ferramenta que proporciona autonomia ao cotidiano de pessoas cegas ou com deficiência visual. Está presente nas embalagens, nas placas, na sinalização, nos mapas táteis, em listas, cardápios, bem como nos serviços bancários e espaços de cultura e lazer.
O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), por meio do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) – instituições vinculadas ao Ministério da Educação, garante acesso aos conteúdos didáticos de qualidade para todos os estudantes com deficiência visual das escolas públicas do país. Os livros em Braille são distribuídos aos alunos de todos os anos do ensino fundamental. Na última entrega, foram quase 15 mil livros em Braille para atender a 2.863 estudantes em 2.628 escolas.
Além do Braille, o FNDE disponibiliza os livros também em formato EPUB, modelo digital que permite a audição do conteúdo ou a leitura com caracteres ampliados, áudio e com contraste.
A Lei que criou a data comemorativa no Brasil determina, ainda, que neste dia, entidades públicas e privadas realizem eventos destinados a reverenciar a memória de Louis Braille, divulgando e destacando a importância do seu sistema na educação, habilitação, reabilitação e profissionalização da pessoa cega, por meio de ações que:
– Fortaleçam o debate social acerca dos direitos da pessoa cega e a sua plena integração na sociedade;
– Promovam a inserção da pessoa cega no mercado de trabalho;
– Difundam orientações sobre a prevenção da cegueira;
– Difundam informações sobre a acessibilidade material, à informação e à comunicação, pela aplicação de novas tecnologias;
– Incentivem a produção de textos em Braille;
– Promovam a capacitação de profissionais para atuarem na educação, habilitação e reabilitação da pessoa cega, bem como na editoração de textos em Braille.
Os pontos em relevo, atualmente tão comuns em embalagens de medicamentos, cosméticos e alimentos, em cartões de visita e em cardápios, representam uma das maravilhosas e insuperáveis invenções humanas – o sistema Braille!
Fontes:
Associação de Deficientes Visuais e Amigos (ADEVA) – SP
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)
Ministério da Educação
Ministério Público do Paraná
Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB)