O Dia Mundial de Conscientização da Leucemia Mieloide Crônica (LMC) tem como objetivo incentivar pacientes, cuidadores, profissionais de saúde, governo e indústria, bem como a comunidade em geral, a trabalharem juntos para melhorar o diagnóstico, o tratamento e os cuidados de pacientes com a doença, bem como celebrar coletivamente as conquistas no tratamento, reconhecer o que ainda precisa ser feito, evidenciar a bravura das pessoas afetadas pela doença e o compromisso daqueles que os tratam e cuidam deles.
A Leucemia Mieloide Crônica é um tipo de câncer relativamente raro que afeta a produção do sangue e a medula óssea. A palavra leucemia tem origem grega e significa “sangue branco” e se caracteriza pela produção anormal dos glóbulos brancos do sangue, os leucócitos.
A LMC possui uma característica muito singular: a presença da anormalidade genética chamada de cromossomo Philadelphia. Este cromossomo é resultado da troca de material genético entre dois outros cromossomos, o de número 9 e o de número 22. Por esse motivo o dia 22 de setembro (22/9) foi escolhido para simbolizar a doença. A mutação leva a uma produção anormal e desenfreada de glóbulos brancos, causando a leucemia.
O cromossomo recebeu este nome porque foi descoberto nos anos de 1960 por pesquisadores da cidade de Philadelphia nos Estados Unidos.
A doença é lenta e progressiva e como afeta os leucócitos, que são as células de defesa produzidas na medula óssea, as células “doentes” perdem essa função e vão se acumulando no organismo, impedindo a produção das células “normais” do sangue.
À medida que o número de células leucêmicas aumenta, aparecem inchaço nos linfonodos (ínguas) ou infecções. Quando surgem, os sintomas são brandos, agravando-se gradualmente.
Sinais e Sintomas:
Diagnóstico:
Os primeiros indícios da doença são identificados através do hemograma, com aumento no número de glóbulos brancos. A confirmação se dá através dos testes de biologia molecular que conseguem identificar a alteração genética no cromossomo Philadelphia.
Causas:
Ninguém nasce com LMC e ela não é hereditária. A doença acontece com a alteração do cromossomo na medula óssea. A célula alterada se multiplica incontrolavelmente e elimina os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos e as plaquetas saudáveis da medula óssea espalhando as células da LMC pela corrente sanguínea.
Como a doença é uma leucemia de progressão lenta, o desenvolvimento das células maduras normais não é totalmente comprometido, independente se elas forem vermelhas, brancas ou plaquetas. Como resultado disso, essa leucemia é, em geral, menos agressiva que as leucemias agudas, e normalmente os pacientes ainda não apresentam sintomas quando diagnosticados.
Fatores de risco:
Fator de risco é qualquer fator que possa aumentar a chance de alguém desenvolver uma doença. No caso da LMC, é um pouco mais comum em homens do que em mulheres e a chance de desenvolvê-la aumenta com a idade.
Em um pequeno número de pacientes, a LMC é causada pela exposição a altas doses de radiação (como ser sobrevivente de um ataque atômico ou de um acidente de reator nuclear). Um pequeno aumento também ocorre em pessoas submetidas a altas doses de radioterapia como tratamento para outros cânceres, como o linfoma.
Porém, a maioria das pessoas que trataram um câncer com radioterapia não desenvolve LMC, e a maioria das pessoas que a tem não foram expostas a altas doses de radiação. Exposição a radiografia odontológica ou médica não foi associada ao aumento do risco de desenvolver LMC.
Tratamento:
O caminho de tratamento para cada paciente é baseado na fase da doença no momento do diagnóstico, na pontuação dos riscos, na idade e na existência de outros problemas de saúde que o paciente possa ter.
A LMC não é curável com as terapias atualmente disponíveis, mas, com os medicamentos já existentes, cada vez mais pacientes alcançam remissões extremamente profundas. Por isto usa-se o termo ‘cura funcional’.
O tratamento baseia-se na destruição das células leucêmicas. Com a descoberta do cromossomo Philadelphia, houve avanços consideráveis para a terapêutica e, hoje, os medicamentos atacam exatamente o alvo (o cromossomo Philadelphia), combatendo as células doentes.
Em alguns casos ainda é necessária a realização do transplante de medula óssea ou quimioterapia. Após o início do tratamento é muito importante realizar o acompanhamento do paciente para o monitoramento da doença residual mínima, que define a quantidade de células “doentes” ainda presentes no organismo durante as diferentes fases do tratamento. Esse monitoramento também é realizado por meio da metodologia de biologia molecular e pode ser feito com uma simples coleta de sangue, sem a necessidade de procedimento mais invasivos para o paciente, como a punção diretamente da medula óssea.
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados no Brasil 5.920 casos novos de leucemia em homens e 4.890 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 5,67 casos novos a cada 100 mil homens e 4,56 casos novos para cada 100 mil mulheres. Dentre esses novos casos de leucemia, 15% são de Leucemia Mieloide Crônica.
A idade média, no momento do diagnóstico, é 64 anos, com quase metade dos casos diagnosticados em pessoas com mais de 65 anos. A doença acomete principalmente adultos e raramente é diagnosticada em crianças.
Fontes:
Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia
CML Advocates Network
International Chronic Myeloid Leukemia Foundation (iCMLf)
Portal Oncoguia
Telessaúde São Paulo