Resultados sobre Anemia e Hipovitaminose A no Brasil
Método
Para determinação da prevalência de anemia e de níveis inadequados de vitamina A, foram analisadas, respectivamente, 3.455 e 3.499 amostras de sangue de crianças menores de cinco anos. Essas determinações em mulheres de 15 a 49 anos, não grávidas, foram realizadas em 5.669 e 5.698 amostras, respectivamente. As dosagens dos micronutrientes foram realizadas pela determinação de cianometahemoglobina e por meio de HPLC (sigla em inglês para Cromatografia Líquida de Alta Eficiência- CLAE), utilizando-se a técnica da gota seca. Valores de hemoglobina abaixo de 11 g/dL para crianças e abaixo de 12 g/dL para mulheres foram considerados indicadores de anemia. Em relação à vitamina A, os valores abaixo de 0,70 µmol/L foram considerados inadequados para ambos os grupos, mulheres e crianças.
Resultados
Anemia
A pesquisa revelou uma prevalência de anemia em crianças de 20,9% e de 29,4% em mulheres. Para crianças, observou-se que a região Nordeste apresenta a maior prevalência (25,5%) e a Norte, a menor (10,4%). Embora não tenha sido observada associação estatística entre a classificação econômica e a prevalência de anemia entre crianças, observa-se menor percentagem de anêmicas nas classes A e B. A prevalência de anemia não mostrou associação com a cor da pele, nem com a ordem de nascimento da criança. A pesquisa aponta maior prevalência de anemia em crianças com idade inferior a 24 meses (24,1%), quando comparadas às crianças com idades entre 24 e 59 meses (19.5%). Quanto à situação do domicílio, observou-se que as crianças moradoras de áreas rurais apresentaram menor prevalência de anemia quando comparadas com as crianças nas áreas urbanas.
No caso das mulheres, a prevalência de anemia foi igual a 29.4%, atingindo quase 40% na região Nordeste. Mulheres negras apresentaram maior prevalência de anemia. Situação da residência, anos de estudo e idade não se associaram à presença de anemia em mulheres em idade reprodutiva.
Hipovitaminose A
Com relação a níveis de vitamina A, foi observado que 17,4% das crianças e 12,3% das mulheres apresentavam níveis inadequados desse micronutriente. Em crianças, as maiores prevalências dessa inadequação foram encontradas no Nordeste (19,0%) e Sudeste (21,6%) do País, sendo estatisticamente significante a diferença dessas prevalências em relação às das outras regiões. Morar na zona urbana foi uma variável associada à maior prevalência de níveis deficientes quando comparada com a zona rural. A maior idade materna (>35 anos) também foi associada à maior ocorrência de crianças com níveis deficientes de vitamina A. As prevalências estratificadas por faixa etária e por ordem de nascimento não mostraram diferenças estatísticas.
Para mulheres, a prevalência de níveis de retinol abaixo de 0,70µmol/L foi de 12,3%. Das variáveis independentes consideradas, apenas a situação do domicílio apresentou diferença significante: observou-se a prevalência menor de hipovitaminose A em mulheres que residiam na zona rural comparadas com aquelas residentes na zona urbana. Embora a região Sul tenha apresentado a menor prevalência (8,0%), estatisticamente não diferiu das demais macrorregiões.
Conclusões
Os resultados da PNDS-2006 sobre a prevalência de anemia e de níveis baixos de retinol sérico em crianças menores de cinco anos e em mulheres em idade fértil fundamentam a situação nutricional de micronutrientes.
Como não há outra pesquisa nacional - do porte da PNDS - sobre a prevalência de anemia e de níveis baixos de retinol sérico em crianças menores de cinco anos e em mulheres em idade fértil, é difícil analisar a tendência dessa situação no País. Entretanto, com base em outros estudos da literatura, pode-se concluir que a prevalência de anemia entre crianças apresenta tendência de diminuição, porém, essa tendência não é percebida entre as mulheres, já que a prevalência, nesse caso, é elevada em todas as macrorregiões. Em relação à vitamina A, a prevalência de níveis baixos e marginais desse micronutriente, entre crianças e mulheres, apresenta-se muito acima das observadas em países desenvolvidos. Portanto, estratégias, no âmbito da Política Nacional de Alimentação e Nutrição, devem ser aperfeiçoadas, a fim de melhorar as condições de nutrição e saúde de crianças e mulheres em idade fértil.