Picadas de insetos e animais peçonhentos – parte 1


Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno e que o injetam com facilidade por meio de dentes ocos, ferrões ou aguilhões. Ex.: serpentes, aranhas, escorpiões, lacraias, abelhas, vespas, marimbondos e arraias.

Já os animais venenosos são aqueles que produzem veneno, mas não possuem um aparelho inoculador (dentes, ferrões), provocando envenenamento passivo por contato (lonomia ou taturana), por compressão (sapo) ou por ingestão (peixe baiacu).

Os acidentes com animais venenosos e peçonhentos têm grande importância médica devido a sua gravidade e freqüência. Podem ser: picadas por escorpiões, aranhas, lacraias, cobras, abelhas.

Picadas por escorpiões:

Freqüentemente, a picada de escorpião é seguida de dor (moderada ou intensa) ou formigamento no local da picada; podem ser tratados com analgésicos, sendo fundamental observar o surgimento de outros sintomas por, no mínimo, 6 a 12 horas, principalmente em crianças menores de 7 anos e em idosos.

Sintomas de gravidade:

– náuseas ou vômito; suor excessivo; agitação; tremores; salivação; aumento dos batimentos cardíacos e da pressão arterial.

Nestes casos, procurar atendimento hospitalar o mais rápido possível, mantendo o paciente em repouso, para avaliação da necessidade de aplicação de soro anti-escorpiônico. Se possível, o animal que provocou a picada deve ser levado ao serviço de saúde para identificação.

Picadas por aranhas:

As principais aranhas causadoras de acidentes no Brasil são a “armadeira”, a marrom, a tarântula e a caranguejeira.

A armadeira quando surpreendida coloca-se em posição de ataque, apoiando-se nas pernas traseiras, ergue as dianteiras e procura picar. A picada causa dor imediata, inchaço local, formigamento e suor no local da picada. Deve-se combater a dor com analgésicos e observar rigorosamente novos sintomas, como vômitos, aumento da pressão arterial, dificuldade respiratória, tremores, espasmos musculares, caracterizando acidente grave. Assim, há necessidade de internação hospitalar e aplicação de soro específico.

A picada da aranha marrom provoca menos acidentes, por ser pouco agressiva. Na hora da picada a dor é fraca e despercebida, após 12 a 24 horas podem surgir dor local com inchaço, náuseas, mal estar geral, manchas, bolhas e até morte das células (necrose) no local picado. Nos casos graves, a urina fica de cor marrom escura. Deve-se procurar atendimento médico para avaliação.

A picada da tarântula (aranha que vive em gramados ou jardins) pode provocar pequena dor local e necrose. Utilizam-se analgésicos para alívio da dor e não há tratamento com soro específico, assim como para as picadas de caranguejeiras.

Algumas medidas de prevenção:

– usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem;
– examinar e sacudir calçados e roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-las;
– afastar camas das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários;
– não acumular lixo orgânico, entulhos e materiais de construção;
– limpar regularmente atrás de móveis, cortinas, quadros, cantos de parede;
– vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros, meia-canas e rodapés;
– utilizar telas e vedantes em portas, janelas e ralos. Colocar sacos de areia nas portas para evitar a entrada de animais peçonhentos;
– manter limpos os locais próximos das residências, jardins, quintais, paióis e celeiros. Evitar plantas tipo trepadeiras e bananeiras junto às casas e manter a grama sempre cortada;
– combater a proliferação de insetos, principalmente baratas e cupins, pois são alimentos para aranhas e escorpiões;
– preservar os predadores naturais de aranhas e escorpiões como seriemas, corujas, sapos, lagartixas e galinhas;
– limpar terrenos baldios pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao muro ou cercas;
– não colocar mãos ou pés em buracos, cupinzeiros, montes de pedra ou lenha, troncos podres, etc.

Picadas por lacraias:

As “lacraias”, também conhecidas como “centopéias”, são animais caçadores noturnos muito rápidos e têm o corpo adaptado para penetrar em frestas, onde se escondem durante o dia. Podem medir até 23 cm e se alimentam de insetos, lagartixas, camundongos e até filhotes de pássaros.

O veneno das lacraias é muito pouco tóxico para o homem. Embora existam muitas lendas a respeito desse animal, não há, no Brasil, relatos comprovados de morte nem de envenenamentos graves em acidentes com lacraias. Os sintomas são dor forte e inchaço no local da picada. Em acidentes com lacraias grandes também podem ocorrer febre, calafrios, tremores e suores, além de uma pequena ferida.

As lacrais gostam muito de umidade. Como perambulam muito, é comum penetrarem nas casas, onde causam muitos acidentes, que podem ser evitados tomando-se as seguintes precauções:

– limpar os ralos semanalmente com creolina e água quente, e mantê-los fechados quando não em uso;
– limpar e manter fechadas as caixas de gordura e os esgotos;
– os jardins devem ser limpos, a grama aparada e as plantas ornamentais e trepadeiras devem ser afastadas das casas e podadas para que os galhos não toquem o chão;
– porões, garagens e quintais não devem servir de depósito para objetos fora de uso que possam servir de esconderijo para as lacraias;
– os muros e calçamentos devem ser cuidados para que não apresentem frestas onde a umidade se acumule e os animais possam se esconder.

Tomando-se esses cuidados, a ocorrência de lacraias diminui muito. Mas, em caso de acidente, evite beber álcool, querosene, cachaça, etc., pois isso só lhe causaria intoxicação. Mantenha o local da picada o mais limpo possível. Embora o veneno das lacraias não seja muito perigoso para o ser humano, é bom procurar orientação médica.

Como evitar acidentes por escorpiões, aranhas e lacraias:

– manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de entulhos, lixo doméstico, material de construção nas proximidades das casas, inclusive terrenos baldios;
– evitar folhagens densas (trepadeiras, bananeiras e outras) junto às casas;
– manter a grama aparada;
– em zonas rurais, casas de campo, sacudir roupas e sapatos antes de usar;
– não pôr a mão em buracos, sob pedras, sob troncos “podres”;
– usar calçados e luvas ao mexer em locais que podem abrigar escorpiões e aranhas;
– vedar frestas e soleiras das portas e janelas ao escurecer.

IMPORTANTE: Somente médicos e cirurgiões-dentistas devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. As informações disponíveis em Dicas em Saúde possuem apenas caráter educativo.

Dica elaborada em julho de 2.010.

Fontes:
Fundação Nacional de Saúde. Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes com animais peçonhentos
Secretaria de Estado da Saúde do Paraná. Prevenção de Acidentes com Animais Peçonhentos. (Cartilha impressa)
Universidade Estadual de Campinas. Hospital Virtual Brasileiro. Acidentes com animais peçonhentos. (Lopes, Angela Cristina)