10/11 – Dia Mundial do Ceratocone


 

 

O Dia Mundial do Ceratocone é comemorado em 10 de novembro, desde 2016, sob o patrocínio da National Keratoconus Foundation (NKCF).

É uma data dedicada a conscientizar e educar sobre o ceratocone, bem como a defender aqueles que vivem com o problema.

As iniciativas da NKCF em torno do Dia Mundial são as seguintes:

– Incentivar pessoas ao redor do mundo a compartilhar suas histórias;
– Educar pacientes, amigos e familiares;
– Colaborar com outras organizações que tratem do tema.

O Dia Mundial é uma oportunidade de aumentar a conscientização e a esperança, por meio da união entre público, pesquisadores, profissionais de saúde e formuladores de políticas.

O ceratocone é uma doença genética rara, de caráter hereditário e evolução lenta. Sua principal característica é a redução progressiva da espessura da parte central da córnea, camada fina e transparente que recobre toda a frente do globo ocular, fazendo com que seja empurrada para fora, formando uma saliência com o formato aproximado de um cone.

A doença se manifesta mais entre os 10 e os 25 anos de idade, mas pode progredir até a quarta década de vida ou estabilizar-se com o tempo. Pode, ainda, atingir os dois olhos de maneira assimétrica, ou seja, afetar mais um olho do que o outro.

Ainda não se conhece a causa exata da doença, mas, possivelmente, as alterações na superfície da córnea sejam resultado de inúmeros fatores que contribuem para a perda de elementos estruturais dessa membrana e vão desde o decréscimo no aporte de colágeno até o ato de esfregar ou coçar os olhos com frequência. Por isso, o risco de desenvolver ceratocone é maior nos pacientes alérgicos, que sentem muita coceira nos olhos.

Ele também está presente em pessoas com Síndrome de Down ou com alterações oculares congênitas, como a catarata e a esclerótica azul (parte branca do olho), por exemplo.

Sintomas:

Há casos de pessoas com história da doença na família que apresentam um quadro de ceratocone subclínico, sem sintomas. Quando eles aparecem, porém, variam de acordo com a fase da doença.

O mais característico é a perda progressiva da visão, que se torna borrada e distorcida (tanto para longe quanto para perto) e obriga a aumentar com frequência o grau das lentes dos óculos até que a solução é substituí-los por lentes de contato, que podem ser de diferentes tipos.

Outros sintomas incluem:

– Sensibilidade à luz (fotofobia);
– Comprometimento da visão noturna;
– Visão dupla (diplopia);
– Formação de múltiplas imagens de um mesmo objeto (poliopia) ou de halos ao redor das fontes de luz.

O recuo da pálpebra inferior provocado pelo crescimento do cone, quando a pessoa olha para baixo (sinal de Munson), e a perda aguda da visão causada pelo escape do humor aquoso que flui para dentro da córnea (hidropsia) são complicações que podem surgir nos estágios mais avançados da doença.

Tratamento:

Nas fases iniciais, quando a deformação da córnea não é grave, o uso de óculos é suficiente para recuperar a acuidade visual. No entanto, à medida que o ceratocone evolui, os óculos precisam ser substituídos por lentes de contato, que ajudam a ajustar a superfície anterior da córnea e a corrigir o astigmatismo irregular provocado pela deformidade.

Um avanço importante no tratamento do ceratocone é o crosslinking, uma intervenção que tem por objetivo fortalecer as moléculas de colágeno da córnea para evitar que ela continue abaulando. Basicamente, a técnica consiste em raspar a superfície da córnea, para depois aplicar um colírio à base de vitamina B2 (riboflavina) e, em seguida, um feixe de luz ultravioleta.

O procedimento é rápido, realizado sob anestesia local, não exige internação hospitalar e dá bons resultados na imensa maioria dos casos.

Existem ainda outras opções de tratamento, como os anéis intracorneais ou intraestromais, chamados anéis de Ferrara, que são utilizados para regularizar a curvatura da córnea, quando os óculos e as lentes de contato não produzem mais o efeito desejado.

Embora o ceratocone seja uma causa frequente de transplante de córnea, ele só é indicado em um número pequeno de casos mais graves, quando os pacientes deixaram de responder bem às outras formas de tratamento.

Prevenção:

Ainda não se conhecem maneiras de prevenir o aparecimento do ceratocone, uma doença de caráter genético e hereditário. No entanto, é possível controlar a sua evolução em pessoas geneticamente predispostas, corrigindo o hábito de coçar os olhos, tratando as atopias (rinite alérgica, certas alergias dermatológicas e asma, por exemplo) que possam causar a coceira e reavaliando as condições de adaptação e higiene das lentes de contato, se for o caso.

Recomendações:

– Crianças e adolescentes devem consultar regularmente o oftalmologista, sobretudo se existirem casos de ceratocone na família. O diagnóstico precoce é fundamental para controlar a progressão da doença e preservar a acuidade visual;

– Algumas medidas simples podem ajudar a diminuir a vontade de coçar os olhos. São elas: usar colírios lubrificantes (lágrimas artificiais) se os olhos estiverem ressecados, aplicar compressas frias ou geladas nos olhos, lavar pálpebras e cílios com xampu de Ph neutro e soro fisiológico.

Ninguém perde a visão se o ceratocone for convenientemente tratado. A doença, em geral, surge na puberdade e evolui até os 30, 40 anos no máximo. Depois, estabiliza. Daí a importância de controlar sua progressão a fim de preservar a qualidade da visão.

A prevalência estimada é de aproximadamente 50 a 230 casos por 100.000 habitantes na população geral. No Brasil, a enfermidade atinge cerca de 150 mil pessoas por ano.

 

Fontes:

Dr. Dráuzio Varella
Keratoconus Group
Living with Keratoconus
LOPES, A.C.N.; PINTO, A.G.T.; SOUSA, B.A. Ceratocone: uma revisão. Revista de Medicina e Saúde de Brasília, v. 4, n. 2, p. 219‐32, 2015
National Keratoconus Foundation