15/5 – Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares


As infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) são um dos eventos adversos mais frequentes associados à assistência à saúde e um grave problema de saúde pública, pois aumentam a morbidade, a mortalidade e os custos a elas relacionados, além de afetar de forma negativa a segurança do paciente e a qualidade dos serviços de saúde.

Embora as evidências relacionadas ao ônus econômico das IRAS ainda sejam limitadas, principalmente nos países em desenvolvimento, os dados disponíveis nos Estados Unidos da América (EUA) e na Europa sugerem custos estimados em vários bilhões por ano.

De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC/EUA), os custos médicos diretos das IRAS para hospitais, apenas nos EUA, variam de US $ 35,7 a 45 bilhões anuais, enquanto o impacto econômico anual na Europa chega a € 7 bilhões.

Em um estudo realizado no Brasil que estimou os custos de ocupação-dia total e médio por paciente com ou sem IRAS, concluiu-se que o custo diário do paciente com IRAS foi 55% superior ao de um paciente sem IRAS. No entanto, é importante destacar que uma grande porcentagem dessas infecções é evitável se forem executadas medidas eficazes de prevenção e controle de infecção (PCI) pelos serviços de saúde.

Medidas para prevenção, baseadas em evidências, devem ser adotadas em todos os serviços de saúde, tanto no âmbito hospitalar como na atenção primária à saúde ou ambulatorial, nos estabelecimentos que prestam assistência a pacientes crônicos ou na assistência domiciliar, ou seja, onde houver prestação de assistência a pacientes.

Pesquisas mostram que quando os serviços de saúde e suas equipes conhecem a magnitude do problema e passam a aderir aos programas para prevenção e controle de IRAS, pode ocorrer uma redução de mais de 70% de algumas infecções como, por exemplo, as da corrente sanguínea.

A infecção adquirida após a admissão do paciente em unidades hospitalares pode se manifestar durante a internação ou mesmo após a alta. É caracterizada como um problema de saúde pública, uma vez que, além de aumentar o tempo de internação, pode também causar comorbidades graves e ainda levar ao óbito.

De acordo com o coordenador do curso de Infecção da Associação de Medicina Intensiva Brasileira: “O exercício do controle de infecções hospitalares é uma manifestação da excelência de um serviço, sendo este diretamente proporcional ao nível de qualidade do citado controle. Consequentemente, uma instituição que zela pelo controle das infecções hospitalares oferece um serviço de melhor padrão aos seus usuários”.

A prática mais simples e eficiente para o controle de infecções no ambiente hospitalar é a higienização das mãos, hábito que finalmente tem ganhado mais importância a cada dia diante da pandemia de Coronavírus. “Evitamos transmitir infecções aos pacientes internados principalmente higienizando nossas mãos antes e após cada contato com o paciente que atendemos. Máscaras, luvas, gorros e aventais também compõem o arsenal de medidas de proteção, tanto para os profissionais de saúde quanto para o paciente, conforme a situação. Esterilização, desinfecção de superfícies, limpeza e uma política adequada no manejo dos resíduos arrematam a lista de cuidados para um ambiente cultural de minimização dos riscos de transmissão de infecções aos pacientes ou profissionais de saúde”.

A pandemia de COVID-19 trouxe uma ampla disseminação entre os profissionais de saúde e população em geral da importância de seguir as normas de precaução contra a transmissão de infecções. “Lavar as mãos ou higienizá-las com álcool em gel e uso de máscaras e aventais descartáveis ganharam a valorização que desde há muito tempo os especialistas no controle de infecções alertavam”, completa.

A maior parte das infecções hospitalares é provocada por micro-organismos presentes no próprio paciente. Em geral, são micro-organismos que já vivem no nosso corpo ou no meio ambiente e se aproveitam quando o sistema de defesa do paciente está mais frágil.

As infecções adquiridas em serviços de saúde podem ser provocadas também por falha nos procedimentos realizados pelos profissionais e serem transmitidas pelas mãos do profissional, por materiais ou por contato com outros pacientes infectados.

Pessoas internadas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) têm ainda maior probabilidade de contrair infecções, pois o uso de equipamentos invasivos, como cateteres e respiradores (para ventilação mecânica), facilitam a entrada de bactérias e vírus. Lesões na pele do paciente também são portas de entrada para essas infecções. Por isso, a higiene das mãos antes e depois de uma visita ou contato com o paciente é uma das recomendações mais básicas na prevenção de infecções.

Educar e estruturar de forma organizacional as medidas para prevenção das infecções hospitalares é responsabilidade das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar, as CCIH, mas cabe aos profissionais de saúde seguirem as normas no dia a dia de trabalho.

No Brasil, as CCIHs surgiram na década de 1970 com a preocupação de se conhecer os índices de infecções em hospitais, sendo atualmente de caráter obrigatório em todas as unidades de saúde. Essa comissão é formada por representantes de diferentes áreas do serviço, tendo como responsabilidade definir ações normativas e coordenar todas as atividades de prevenção, investigação e controle das infecções hospitalares, sendo constituída de membros consultores e executores.

A data, instituída pela Lei nº 11.723/2008, tem o objetivo de conscientizar autoridades sanitárias, diretores de hospitais e trabalhadores de saúde sobre a importância do controle das infecções hospitalares.

No Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares e na semana que o contém, o Ministério da Saúde e os serviços de saúde, devem desenvolver campanhas de comunicação social e ações educativas com o objetivo de aumentar a consciência pública sobre o problema e a necessidade de seu controle.

Em 15 de maio de 1847, na Hungria, o médico-obstetra Ignaz P. Semmelweis defendeu e incorporou a prática da lavagem de mãos como atitude obrigatória para enfermeiros e médicos que entravam nas enfermarias. Uma iniciativa simples, mas efetiva que conseguiu reduzir a taxa de mortalidade das pacientes.

Fontes:

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Programa nacional de prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde (PNPCIRAS) 2021 a 2025.

Associação de Medicina Intensiva Brasileira

Associação Mineira de Epidemiologia e Controle de Infecções

Hospital Infantil Sabará

Ministério da Saúde. Blog da Saúde