28/5 – Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna


 

Para a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a situação da mortalidade materna na América Latina e no Caribe é terrível:

– Cerca de 8.000 mulheres morrem a cada ano devido a complicações relacionadas à gravidez;
– As desigualdades de nível socioeconômico, gênero, etnia, escolaridade, local de residência e idade aumentam o risco de morrer durante a gravidez, parto ou puerpério;
– 9 em cada 10 mortes maternas são evitáveis ​​com acesso oportuno a cuidados maternos baseados em evidências, incluindo contracepção;
– A pandemia da COVID 19 causou um retrocesso de 20 anos nos indicadores de saúde materna na região.

O alto número de mortes maternas em algumas áreas do mundo reflete as desigualdades no acesso aos serviços de saúde e destaca a lacuna entre ricos e pobres.

Cerca de 830 mulheres morrem todos os dias por complicações relacionadas à gravidez ou ao parto em todo o mundo. Estima-se que, em 2015, cerca de 303 mil mulheres morreram durante e após a gravidez e o parto. Quase todas essas mortes ocorreram em ambientes com poucos recursos; a maioria delas poderia ter sido evitada.

A taxa de mortalidade materna nos países em desenvolvimento em 2015 era de 239 por 100 mil nascidos vivos versus 12 por 100 mil nascidos vivos em países desenvolvidos. Existem grandes disparidades entre os países e dentro dos países, entre mulheres com baixas e altas rendas e entre a população rural e a população urbana.

As mulheres morrem como resultado de complicações que ocorrem durante ou depois da gestação e do parto. Outros problemas de saúde podem acontecer antes da gestação, mas são agravados durante a mesma, especialmente se não forem tratados como parte do cuidado da mulher. As principais complicações, que representam quase 75% de todas as mortes maternas, são:

– Hipertensão (pré-eclâmpsia e eclampsia);
– Hemorragias graves (principalmente após o parto);
– Infecções (normalmente depois do parto);
– Complicações no parto;
– Abortos inseguros.

As demais estão associadas a doenças como malária ou infecção pelo HIV durante a gravidez.

O risco de mortalidade materna é mais alto para adolescentes menores de 15 anos e as complicações na gravidez e no parto são uma das principais causas de morte nesse grupo em países em desenvolvimento.

 

De acordo com informações divulgadas em 2022 pelo Observatório Obstétrico Brasileiro (OOBr), são inéditos e preocupantes os dados de óbitos entre gestantes e puérperas no país, no triênio 2019/2021.

Conforme o OOBr, é essencial registrar que hoje, mesmo somente à luz das estatísticas oficiais do Ministério da Saúde (MS), o Brasil está à distância abissal de cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Quantificação preliminar da Razão de Morte Materna (RMM) de 2021 aponta 107.53 óbitos por 100 mil nascidos vivos, sendo que o compromisso do país é a redução para 30 mortes/100 mil até 2030.

Durante a pandemia, a mortalidade materna no Brasil aumentou 94,4%

“No começo da pandemia, já sabíamos que haveria um impacto significativo da COVID-19 na saúde sexual e reprodutiva e na garantia dos direitos reprodutivos. Neste momento, a situação é ainda mais grave. Os dados recentes demonstram que é necessário um investimento significativo na rede de atenção obstétrica e neonatal. É preciso acelerar os esforços para garantir assistência adequada a mulheres gestantes e puérperas, especialmente aquelas em situação de maior vulnerabilidade”, afirma a representante do Fundo de População da ONU no Brasil, Astrid Bant.

O óbito materno está diretamente relacionado com as condições de vida da população, com disparidade importante entre as diversas regiões socioeconômicas. Embora a mortalidade materna seja o melhor indicador de saúde da população feminina, seus números são apresentados de forma irreal, pela dificuldade na identificação dos casos nos registros de óbito.

Medidas de prevenção, associadas a diagnóstico e tratamento precoces e adequados, são fatores benéficos na redução desses óbitos maternos. Além destes, a identificação e classificação dos casos de “near miss” e morbidade materna grave ganham destaque na abordagem atual do problema.

Para reduzir esta tragédia é necessário o comprometimento político, social e econômico com a saúde, para promover as reformas necessárias na assistência ao ciclo gravídico-puerperal.

 

Fontes:

Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo (SOGESP)
Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA)
Ministério da Saúde. Guia de vigilância epidemiológica do óbito materno
Organização das Nações Unidas: ONU Brasil
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)
VIANA, R. C; NOVAES, M. R. C. G.; CALDERON, I. M. P. Mortalidade Materna – uma abordagem atualizada. Comunicação em Ciências da Saúde, 22 Sup. 1:S141-S152, 2011