30/01 – Dia Mundial Contra a Hanseníase e Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase


 

A hanseníase é uma das enfermidades mais antigas do mundo. No século 6 a.C. já havia relatos da doença. Supõe-se que a enfermidade surgiu no Oriente e, de lá, tenha atingido outras partes do mundo por tribos nômades ou navegadores.

Os indivíduos que tinham hanseníase eram enviados aos leprosários ou excluídos da sociedade, pois a enfermidade era vinculada a símbolos negativos como pecado, castigo divino ou impureza, já que era confundida com doenças venéreas. Por medo do contágio da moléstia – para a qual não havia cura na época – os enfermos eram proibidos de entrar em igrejas e tinham que usar vestimentas especiais e carregar sinetas que alertassem sobre sua presença.

“Unidos pela Dignidade” é o tema do Dia Mundial da Hanseníase que, em 2022 ocorre em 30 de janeiro, último domingo do mês. A campanha mundial homenageia as experiências vividas por indivíduos que sofreram de hanseníase, compartilhando suas histórias fortalecedoras e defendendo o bem-estar mental e o direito a uma vida digna, livre de estigma, discriminação e isolamento relacionados à doença.

A data foi instituída em 1954 pelo jornalista e ativista francês Raoul Follereau, com os objetivos de: defender a igualdade de tratamento para as pessoas afetadas e reeducar o público sobre a hanseníase, corrigindo equívocos históricos em torno da doença.

No mundo, cerca de 210 mil novos casos são reportados anualmente, dos quais, 15 mil são de crianças. Segundo a Opas, a hanseníase é encontrada em 127 países, com 80% dos casos na Índia, Brasil e Indonésia (dados de 2018).

No Brasil, a Lei nº 12.135/2009, instituiu o último domingo do mês de janeiro como Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase, com o objetivo de chamar a atenção para as medidas de prevenção e controle, bem como alertar para os aspectos frequentemente negligenciados – os mitos e conceitos errôneos sobre a doença que muitas pessoas afetadas experimentam diariamente.

“Precisamos falar sobre hanseníase” é o tema da campanha Janeiro Roxo 2022, organizada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e promoverá o estímulo ao debate sobre esse problema de saúde pública, com a intenção de alertar e conscientizar a população a respeito dessa doença.

De acordo com a SBD, cerca de 30 mil novos casos da doença são detectados todos os anos no Brasil. É um dado alarmante, cujo enfrentamento depende, de um lado, do aperfeiçoamento e implementação plena de políticas públicas. Do outro lado, de que cada um de nós faça sua parte e esteja atento ao próprio corpo, procurando orientação médica em caso de sinais e sintomas suspeitos.

A hanseníase é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium Leprae, também conhecida como bacilo de Hansen (em homenagem à Gerhard Henrick Armauer Hansen, médico e bacteriologista norueguês, descobridor da doença, em 1873).

O bacilo se reproduz lentamente e o período médio de incubação e aparecimento dos sinais da doença é de aproximadamente cinco anos, de acordo com informações da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

Orientações sobre a doença:

Sinais e sintomas:

– Manchas (esbranquiçadas, amarronzadas e avermelhadas) na pele com mudanças na sensibilidade dolorosa, térmica e tátil;
– Sensação de fisgada, choque, dormência e formigamento ao longo dos nervos dos membros;
– Perda de pelos em algumas áreas e redução da transpiração;
– Inchaço e dor nas mãos, pés e articulações;
– Dor e espessamento nos nervos periféricos;
– Redução da força muscular, sobretudo nas mãos e pés;
– Caroços no corpo;
– Pele seca;
– Olhos ressecados;
– Feridas, sangramento e ressecamento no nariz;
– Febre e mal-estar geral.

Quando os casos não são tratados no início dos sinais, a doença pode causar sequelas progressivas e permanentes, incluindo deformidades e mutilações, redução da mobilidade dos membros e até cegueira.

Onde se tratar:

Se apresentar um ou mais desses sinais e sintomas, procure ajuda médica. O posto de saúde mais próximo de sua casa ou uma equipe de saúde da família podem lhe ajudar. Neles, é possível fazer exames e receber orientações de como se tratar!

Parentes e amigos:

Em caso de diagnóstico confirmado para hanseníase, oriente as pessoas com as quais mantém contato próximo e regular (familiares, amigos, colegas de trabalho) a também irem ao médico para serem examinadas.

Siga o tratamento:

Quem tem diagnóstico para hanseníase deve começar a tomar os medicamentos prescritos de imediato. Ao fazer isso, o paciente deixa de ser transmissor da doença. E atenção: é importante não abandonar o tratamento ou deixar de tomar os remédios.

O tratamento consiste na associação de antibióticos usados de forma padronizada. O paciente deve tomar a primeira dose mensal supervisionada pelo profissional de saúde, sendo as demais, auto administradas. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o tratamento e o acompanhamento da doença em unidades básicas de saúde e em unidades de referência.

Prevenção:

O diagnóstico precoce, o tratamento oportuno e a investigação de contatos que convivem ou conviveram, residem ou residiram, de forma prolongada com pacientes acometidos por hanseníase, são as principais formas de prevenção.


Fontes:

Agência Brasil
Agência Fiocruz de Notícias
Global Partnership for Zero Leprosy
Sociedade Brasileira de Dermatologia
The Leprosy Mission International
World Health Organization