30/3 – Dia Mundial do Transtorno Bipolar


 

O Dia Mundial do Transtorno Bipolar é uma campanha iniciada em 2014 com o objetivo principal de conscientizar o mundo sobre o transtorno e eliminar o estigma social. Comemorado em 30 de março, aniversário do pintor holandês Vincent Van Gogh, diagnosticado postumamente como provável portador de transtorno bipolar, a data pretende levar à população informações que eduquem e sensibilizem em relação à doença, por meio da colaboração internacional.

Embora a crescente aceitação do transtorno como uma condição médica tenha se consolidado em algumas partes do mundo, infelizmente o estigma continua sendo uma barreira que impede o diagnóstico oportuno e o tratamento eficaz. Para abordar a disparidade na maneira pela qual é vista em diferentes partes do mundo, a International Society for Bipolar Disorders (ISBD), a International Bipolar Foundation (IBPF) e a Asian Network of Bipolar Disorder (ANBD) se uniram para trabalhar em prol dessa data comemorativa.

 

O transtorno bipolar, anteriormente conhecido como doença maníaco-depressiva, é um transtorno cerebral que provoca mudanças incomuns no humor, energia e capacidade funcional de uma pessoa. Diferentes dos altos e baixos normais pelos quais todos passam, os sintomas do transtorno bipolar são graves e quando não tratados podem resultar em desempenho ruim no trabalho ou na escola, relacionamentos danificados e até suicídio.

Segundo a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA), o transtorno bipolar afeta cerca de 140 milhões de pessoas no mundo. Geralmente se desenvolve no final da adolescência ou no início da idade adulta, no entanto, algumas pessoas têm seus primeiros sintomas durante a infância e outras os desenvolvem mais tarde na vida, porém, a faixa etária mais comum é entre 18 e 25 anos de idade.

Sua causa exata é desconhecida, podendo estar relacionada à interação entre fatores biológicos, neuroquímicos e psicossociais/ambientais. Estudos sugerem que o problema pode estar associado a alterações em certas áreas do cérebro e nos níveis de vários neurotransmissores, como noradrenalina e serotonina.

Esse desequilíbrio reflete uma base genética ou hereditária para o desenvolvimento da doença, que tem como principais características a alternância entre episódios depressivos e episódios de euforia (também chamada de mania ou hipomania, dependendo da intensidade e da duração) e casos em que há uma mescla de ambos.

 

Sintomas característicos da fase de euforia:

– Sensação de extremo bem-estar;
– Aceleração do pensamento e da fala;
– Agitação e hiperatividade;
– Diminuição da necessidade de sono;
– Aumento da energia;
– Diminuição da concentração;
– Euforia ou irritabilidade;
– Desinibição;
– Impulsividade;
– Ideias de grandiosidade e sensação de “poder”.

 

Sintomas característicos da fase de depressão:

– Alterações de apetite com perda ou ganho de peso;
– Humor deprimido na maior parte dos dias;
– Fadiga ou perda de energia;
– Apatia, perda de interesse ou prazer;
– Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio;
– Agitação ou retardo psicomotor;
– Sentimento de culpa ou inutilidade;
– Desânimo e cansaço mental;
– Tendência ao isolamento tanto social como familiar;
– Ansiedade e irritabilidade.

 

Diagnóstico:

O diagnóstico costuma ser bastante difícil e pode demorar até dez anos para ser estabelecido devido a tratamentos equivocados, ausência de comunicação entre os profissionais envolvidos, desconhecimento sobre como se manifesta, tanto por ser pouco conhecida quanto pela confusão dos seus sintomas com os de depressão, por preconceito e autoestigmatização.

Muitas vezes não é reconhecido como uma doença e as pessoas podem sofrer por anos antes de serem devidamente diagnosticadas e tratadas. Assim como o diabetes ou a doença cardíaca, o transtorno bipolar é uma condição crônica que deve ser cuidadosamente controlada ao longo da vida.

O histórico do indivíduo é decisivo para o diagnóstico conclusivo, já que alterações de humor anteriores, episódios atuais ou passados de depressão, histórico familiar de perturbação do humor ou suicídio e ausência de resposta ao tratamento com antidepressivos alertam para o diagnóstico do transtorno bipolar.

 

Tratamento:

Transtorno bipolar não tem cura mas pode ser controlado. O tratamento inclui o uso de medicamentos, psicoterapia e mudanças no estilo de vida, tais como: o fim do consumo de substâncias psicoativas, (cafeína, anfetaminas, álcool e cocaína, por exemplo), o desenvolvimento de hábitos saudáveis de alimentação e de sono e redução dos níveis de estresse. Com tratamento adequado, pessoas com essa condição podem levar vidas plenas e produtivas.

Importância da adesão ao tratamento:

– Redução das chances de recorrência de crises;
– Controle da evolução do transtorno;
– Redução das chances de suicídio;
– Redução da intensidade de eventuais episódios;
– Promoção de uma vida mais saudável.

 

O transtorno bipolar tem alto impacto na vida do paciente e de seus familiares, trazendo significativo comprometimento dos aspectos sociais, ocupacionais e em outras áreas. O avanço dos medicamentos que tratam a doença diminuiu bastante o tempo que era dispendido em hospitalizações fazendo com que o tratamento domiciliar, centrado no cuidado da família e dos amigos seja de suma importância no suporte ao indivíduo.

A psicoterapia familiar é também indicada para que pacientes e familiares consigam identificar, em suas relações cotidianas, atitudes e comportamentos que possam predispor ao desencadeamento dos sintomas. As atividades de orientação psicoeducacional, por sua vez, concorrem de forma significativa para difundir e compartilhar informações sobre a doença e seu tratamento entre todos os envolvidos.

 

Saiba mais assistindo ao vídeo publicado na Revista Pesquisa Fapesp em 17/3/2025: “Desvendando o transtorno bipolar

 

Fontes:

Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos do Humor (ABRATA)
Dr. Dráuzio Varella
International Bipolar Foundation (IBPF)
International Society for Bipolar Disorders (ISBD)
Ministério da Saúde

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