O sangue é um tecido vivo, insubstituível, que não pode ser produzido artificialmente e sem ele é impossível viver. O organismo é, portanto, a única fonte dessa matéria prima imprescindível.
As principais funções do sangue são transportar o oxigênio dos pulmões para o corpo, defendê-lo contra infecções e promover a coagulação. Ele recebe os nutrientes, os transporta para as células e recolhe os resíduos que se formam nos órgãos levando-os até os rins para serem eliminados através da urina.
É constituído de vários componentes, cada qual com uma função:
– Hemácias: São os glóbulos vermelhos, responsáveis por transportar o oxigênio dos pulmões para as células de todo o organismo e eliminar o gás carbônico das células, transportando-os para os pulmões;
– Plaquetas: São os fragmentos de células que participam do processo de coagulação. Sua função é impedir que os ferimentos provoquem hemorragias;
– Leucócitos: São os glóbulos brancos, responsáveis por diversas funções relacionadas à defesa do organismo contra a presença de elementos estranhos a ele, como por exemplo as bactérias;
– Plasma: É um líquido amarelo claro que representa mais de 50% do volume total do sangue. É formado por 90% de água, onde estão presentes, dissolvidas, proteínas, gorduras, sais minerais e açúcares. Pelo plasma circulam, por todo o organismo, os elementos nutritivos necessários à vida das células.
O sangue é essencial para os atendimentos de urgência, realização de grandes cirurgias e para o tratamento de pessoas com doenças como a anemia falciforme, câncer e outras, que frequentemente necessitam de transfusão. Por isso é muito importante manter os estoques sempre abastecidos nos bancos de sangue dos hospitais.
A transfusão de sangue desempenha um papel fundamental nos cuidados de saúde, beneficiando pacientes que enfrentam condições de risco à vida. Além disso, o sangue apoia procedimentos médicos e cirúrgicos complexos, tornando-o indispensável no cuidado materno-infantil, bem como durante desastres naturais ou provocados pelo homem.
No Brasil, até a década de 1980, a utilização do sangue como terapia transfusional foi marcada pela remuneração, ou seja, o “doador” era pago para doar. Essa prática foi aos poucos incutida no imaginário coletivo, envolvendo sentimentos de troca, de favor, e não a solidariedade, tendo o voluntariado como motivador.
A partir de 1980 evidenciou-se uma preocupação mundial sobre a segurança do sangue, em decorrência do aparecimento da Aids e da proliferação de doenças transmissíveis via transfusão sanguínea, intensificando-se o debate e as intervenções de autoridades sanitárias em busca do fim do pagamento da doação, nos vários continentes.
Em 2001, o Decreto nº 3.990 regulamentou a legislação federal, no que se refere às atividades de hemoterapia e ao ordenamento institucional da Política Nacional de Sangue, Componentes e Derivados. Logo no artigo 1º, é reafirmada a proibição de comercialização do sangue:
(..) vedada a compra, venda ou qualquer outro tipo de comercialização do sangue, componentes e hemoderivados, em todo o território nacional, seja por pessoas físicas ou jurídicas, em caráter eventual ou permanente.
A doação é o processo pelo qual um doador voluntário tem seu sangue coletado e armazenado em um banco de sangue ou hemocentro, para uso subsequente em transfusões de sangue.
A quantidade de sangue doada não afeta a saúde do doador, pois a recuperação ocorre imediatamente após o procedimento. Uma pessoa adulta tem, em média, cinco litros de sangue e em uma doação são coletados, no máximo, 450 ml. É pouco para quem doa e muito para quem precisa!
Todo o sangue recebido é separado em diferentes componentes (hemácias, plaquetas, plasma) e, assim, com apenas uma unidade coletada, pode beneficiar vários pacientes. Os componentes são distribuídos para os hospitais para atender aos casos de emergência e aos pacientes internados.
Pré-requisitos para ser doador de sangue:
– Levar documento de identidade com foto e órgão expedidor;
– Estar em boas condições de saúde;
– Ter entre 16 a 69 anos de idade (de 16 a 17 anos com autorização do responsável legal);
– Idade até 60 anos, se for a primeira doação;
– Respeitar o intervalo entre doações de sangue de 90 dias para mulheres e 60 dias para homens;
– Pesar mais do que 50 kg;
– Não estar em jejum;
– Após o almoço ou jantar, aguardar pelo menos 3 horas;
– Não ter feito uso de bebida alcoólica nas últimas 12 horas;
– Não ter tido parto ou aborto há menos de 3 meses;
– Não estar grávida ou amamentando;
– Não ter feito tatuagem ou maquiagem definitiva há menos de 12 meses;
– Não ter piercings em cavidade oral ou região genital;
– Não ter feito endoscopia ou colonoscopia há menos de 6 meses;
– Não ter tido febre, infecção bacteriana ou gripe há menos de 15 dias;
– Não ter fator de risco ou histórico de doenças infecciosas, transmissíveis por transfusão (hepatite após 11 anos, hepatite b ou c, doença de chagas, sífilis, aids, Hiv, HTLV I/II);
– Não ter visitado área endêmica de malária há menos de 1 ano;
– Não ter tido malária;
– Não ter diabetes em uso de insulina ou epilepsia em tratamento;
– Não ter feito uso de medicamentos anti-inflamatórios há menos de 3 dias (se a doação for de plaquetas).
Importante:
O candidato à doação será avaliado por profissionais de saúde para verificar se está apto a doar. Ressalta-se a importância da sinceridade ao responder as perguntas feitas durante a triagem, não omitindo informações. A segurança do doador e do receptor dependem disso!
Precauções pré-doação:
Pelo menos três horas antes da doação, evitar alimentos gordurosos, como açaí, abacate, leite e seus derivados (queijo, iogurte, manteiga), massas, frituras, ovos, maionese, sorvete, chocolate, etc. Se preferir doar depois do almoço, aguardar duas horas após ter se alimentado. O almoço deve ser leve, com carnes grelhadas, saladas, arroz e feijão sem carnes.
Cuidados pós-doação:
– Permanecer na área de doação por, pelo menos, 15 minutos;
– Ingerir bastante líquido nas 24 horas seguintes à doação;
– Não ingerir bebidas alcoólicas nas 24 horas seguintes à doação;
– Evitar esforços físicos exagerados e trabalho que exija muita atenção nas 12 horas seguintes à doação;
– Não dirigir veículos pesados ou coletivos;
– Não dirigir motocicletas, caso seja a primeira doação.
O Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue, celebrado em 25/11, anualmente, foi instituído pelo Decreto nº 53.988/1964, pois o mês de novembro precede um período de estoques baixos, em que as doações diminuem sensivelmente com a proximidade das férias, de datas comemorativas de fim de ano, carnaval e outros feriados prolongados, e os hemocentros e bancos de sangue de todo o país necessitam manter os estoques adequados.
A campanha objetiva sensibilizar e aumentar o número de doadores, conscientizando a sociedade sobre a importância de promover esse ato de solidariedade e de cidadania, independentemente de se conhecer ou não os pacientes que necessitam da terapia transfusional.
Torne-se um doador regular. Uma doação ajuda a salvar até 4 vidas. Saiba mais!
Fontes:
Fundação Hemocentro de Brasília
Fundação Pró-Sangue – Hemocentro de São Paulo
Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz)
Ministério da Saúde
Ministério da Saúde. Manual de orientações para promoção da doação voluntária de sangue
Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo