“Acabe com a raiva: colabore, vacine” – 28/9: Dia Mundial Contra a Raiva


“Acabe com a raiva: colabore, vacine” é o tema desta data global de ação e conscientização. O dia 28 de setembro marca o aniversário da morte de Louis Pasteur, químico e microbiologista francês que desenvolveu, em 1885, a primeira vacina contra a doença.

A raiva, uma das doenças mais antigas do mundo, continua a ser uma ameaça diária para milhões em todo o mundo. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) incluem o objetivo de acabar com as epidemias de doenças tropicais negligenciadas, incluindo a raiva. Com compromisso e financiamento de doadores, governos locais, países e instituições, é possível acabar com as mortes humanas por raiva até 2030.

A raiva, também conhecida como hidrofobia, é uma zoonose (doença que passa dos animais ao homem e vice-versa) transmitida por um vírus mortal tanto para o homem como para o animal. O vírus tem predileção pelas células do sistema nervoso e, assim que é inoculado através de uma lesão na pele, se multiplica, invade os nervos periféricos e, movendo-se lentamente – cerca de 1 cm por dia – propaga-se pelos neurotransmissores, alcança o cérebro e provoca um quadro grave de encefalite (inflamação no cérebro). Dali, se espalha por vários órgãos do corpo, mas, é nas glândulas salivares que torna a multiplicar-se e é excretado pela saliva do animal doente.

Transmissão:

A transmissão da raiva ocorre quando os vírus da doença existentes na saliva do animal infectado penetram no organismo através da pele ou de mucosas, por meio de mordedura, arranhadura ou lambedura. A raiva apresenta três ciclos de transmissão:

– urbano: representado principalmente por cães e gatos;
– rural: representado por animais de produção, como: bovinos, eqüinos, suínos, caprinos;
– silvestre: representado por raposas, guaxinins, primatas e, principalmente, morcegos.

Sintomas:

Em todos os animais costumam ocorrer os seguintes sintomas:

– dificuldade para engolir;
– salivação abundante;
– mudança de comportamento;
– mudança de hábitos alimentares;
– paralisia das patas traseiras.

Nos cães, o latido torna-se diferente do normal, parecendo um “uivo rouco”, e os morcegos que, com a mudança de hábito, podem ser encontrados durante o dia, em hora e locais não habituais.

Raiva humana

Tempo de incubação e sintomas:

O tempo de incubação do vírus varia de acordo com o local da inoculação (quanto mais perto da cabeça, menor o tempo), a carga viral e a natureza do vírus. É um período sem sintomas, que pode estender-se de alguns dias a mais de um ano.

Os primeiros sintomas geralmente só aparecem quando o vírus alcança o cérebro. No início, são inespecíficos e podem ser confundidos com os de uma infecção banal: mal-estar, febre baixa, dor de cabeça e de garganta, falta de apetite, vômitos e desconforto gastrointestinal. Podem surgir, ainda, formigamento, ardência ou coceira no local da mordida ou arranhadura. Essa fase é marcada, também, por inquietação e ansiedade; dura de 2 a 10 dias e ocorre antes de a encefalite se instalar.

A inflamação progressiva do encéfalo, provocada pela proliferação do vírus no sistema nervoso central, provoca o agravamento dos sintomas neurológicos: hiperexcitabilidade (inclusive sexual), confusão mental, desorientação, agressividade, acessos de fúria, alucinações, crises convulsivas desencadeadas por estímulos táteis, auditivos ou visuais, espasmos musculares involuntários e dolorosos, produção excessiva de saliva, dificuldade para respirar e engolir. A febre sobe muito, chegando aos 40 graus; ocorre a manifestação de fobias (medo exagerado) – hidrofobia (água), aerofobia (ar), fotofobia (luz). O doente sofre espasmos violentos quando vê ou tenta beber água, quando recebe uma corrente de ar ou quando é afetado pelo excesso de claridade. A destruição causada pelo vírus da raiva atinge inúmeras áreas do sistema nervoso central e produz uma síndrome paralítica generalizada, que evolui para coma e morte por parada respiratória.

Prevenção:

– levar os animais domésticos para serem vacinados contra a raiva, anualmente;
– procurar sempre o Serviço de Saúde, no caso de agressão por animais;
– manter seu animal em observação se ele agredir alguém;
– não deixar o animal solto na rua e usar coleira/guia ao sair.

Colaborar com os serviços de saúde nas medidas de controle da raiva:

– notificar a existência de animais errantes nas vizinhanças de seu domicílio;
– informar o comportamento anormal de animais, sejam eles agressores ou não;
– informar a existência de morcegos de qualquer espécie;
– providenciar a entrega de animais para coleta de material para exames de laboratório, nos casos de morte de animais com suspeita de raiva ou por causa desconhecida.

Evitar:

– tocar em animais estranhos, feridos ou doentes;
– perturbar animais quando estiverem comendo, bebendo ou dormindo;
– separar animais que estejam brigando;
– entrar em grutas ou furnas e tocar em qualquer tipo de morcego (vivo ou morto);
– criar animais silvestres ou tirá-los de seu habitat natural.

Fontes:

Conselho Federal de Medicina Veterinária. Raiva: previna-se. A raiva mata. (Folder impresso)

Dr. Dráuzio Varella

Global Alliance for Rabies Control

Ministério da Saúde

Organização Panamericana de Saúde

World Health Organization