“Cuidados com os ouvidos e com a audição para todos – Vamos torná-los realidade”: 03/3 – Dia Mundial da Audição


 

O tema da campanha de 2023 para o Dia Mundial da Audição pretende ressaltar a importância de incorporar a audição e os cuidados auditivos na assistência básica como componente importante da cobertura de saúde em nível global.

Mundialmente, mais de 1,5 bilhão de pessoas experimentam algum grau de perda auditiva. Destes, estima-se que 430 milhões tenham perda auditiva moderada ou grave no ouvido com melhor audição.

Na Região das Américas, a Organização Mundial da Saúde (OMS), assinala que cerca de 217 milhões de pessoas vivem com perda auditiva, ou seja, 21,52% da população e espera-se que até 2050, esse número possa subir para 322 milhões.

Aproximadamente 80% das pessoas com perda auditiva em todo o mundo vivem em países de baixa e média renda.

A maioria das pessoas com distúrbios auditivos não tem acesso a intervenções – e a perda da audição não tratada tem um impacto de longo alcance na vida das pessoas afetadas e de suas famílias. Em nível social, representa um custo anual de US$ 262 milhões na região. Assim, ações urgentes são necessárias para prevenir e tratar o problema, a fim de mitigar seu impacto negativo em todas as fases da vida.

Cuidados com os ouvidos e com a audição é um termo que se refere a todas as intervenções necessárias para prevenir, identificar e tratar a perda auditiva e doenças auditivas relacionadas, incluindo reabilitação e apoio para as pessoas afetadas.

O Dia Mundial da Audição de 2023 destaca a importância de integrar os cuidados auditivos na atenção primária, como um componente essencial da cobertura universal de saúde.

Mensagens-chave da campanha:

– Problemas com a audição e com os ouvidos são os mais comuns na sociedade;
– Mais de 60% dos problemas supracitados podem ser identificados precocemente;
– A inclusão dos cuidados com os ouvidos e audição, por meio de serviços assistenciais, é possível através de treinamento e formação de competências, o que beneficiará tanto o cidadão como os países, para que alcancem suas metas de cobertura na saúde, em nível mundial.

 

A audição é constituída por um sistema de canais que conduz o som até o ouvido interno, onde essas ondas são transformadas em estímulos elétricos que são enviados ao cérebro, órgão responsável pelo reconhecimento e identificação daquilo que se ouve.

Os ouvidos são os órgãos que processam os sons, permitindo que o cérebro interprete o que se está ouvindo. Ouvir sons altos por longos períodos de tempo pode causar danos que resultem em perda auditiva temporária ou permanente ou sensação de zumbido no ouvido.

A perda auditiva pode não ser perceptível inicialmente e causar problemas para ouvir alguns sons agudos, como sinos. Porém, continuar ouvindo em níveis inseguros leva à perda auditiva irreversível e, como consequência, trará dificuldades de comunicação com outras pessoas, especialmente em locais barulhentos, como restaurantes e mercados.

Deficiência auditiva, ou surdez, é toda e qualquer redução da capacidade de ouvir que pode ser causada por malformações do ouvido, fatores genéticos, ou por doenças adquiridas pela mãe e transmitidas para o bebê durante a gravidez, tais como rubéola e toxoplasmose.

A surdez também pode acontecer ao longo da vida de uma pessoa, provocada por algum trauma, por uso de remédios que afetam a audição, por infecções de ouvido ou pela própria idade avançada. Pode ser congênita ou ocorrer ao longo da vida. A surdez congênita, ou quando a criança já nasce com a perda, pode ser provocada no bebê durante a gestação por meio de medicamentos tomados pela mãe, por doenças adquiridas durante a gravidez, ou por causa hereditária.

A surdez ou a diminuição da audição não tratadas representam um desafio significativo para todas as faixas etárias, dificultando o desenvolvimento da linguagem, da comunicação, da cognição, limitando o acesso à educação, ao emprego e às interações sociais, o que gera impacto de longo alcance na vida das pessoas afetadas e de suas famílias.

Ações urgentes são necessárias para prevenir e tratar o problema, a fim de mitigar seus reflexos em todas as fases da vida, com atendimento oportuno e apropriado, por meio das tecnologias e intervenções disponíveis e eficazes, garantindo às pessoas com deficiência auditiva, a oportunidade de realizar todo o seu potencial.

Recomendações para a população:

– Boa audição e comunicação são importantes em todas as fases da vida.
– A perda auditiva (e as doenças auditivas relacionadas) pode ser evitada por meio de ações preventivas como: proteção contra sons altos; boas práticas de cuidado do ouvido e imunização.
– A perda auditiva (e doenças auditivas relacionadas) pode ser tratada quando identificada em tempo hábil, com os cuidados apropriados.
– Pessoas com risco de perda auditiva devem verificar sua audição regularmente.
– Pessoas com perda auditiva (ou doenças de ouvido relacionadas) devem procurar atendimento de um profissional de saúde.

Cuidar bem da audição envolve manter hábitos de vida saudáveis quanto a alimentação e exercícios físicos, que garantem o bem-estar geral do corpo, mas principalmente evitar ambientes com ruídos altos e com um tempo de exposição prolongada. Para profissionais que estão expostos a grande poluição sonora, é preciso utilizar protetor auditivo.

O cuidado com a audição já começa no nascimento. É de extrema importância que o bebê seja avaliado no teste da orelhinha, também chamado de triagem auditiva neonatal. Esse exame é previsto por Lei Federal e ofertado de forma gratuita e obrigatória nos hospitais para verificação da existência de algum problema auditivo em todos os recém-nascidos, sobretudo os que fazem parte do grupo de risco de problemas auditivos: prematuros, existência de familiares com surdez ou gestação em que a mãe teve alguma doença infecciosa.

Obs.: Doenças como sífilis, rubéola e toxoplasmose, quando contraídas durante a gestação, podem provocar surdez nas crianças. Por isso, faz-se necessário um adequado cuidado pré-natal. Mulheres devem tomar a vacina contra a rubéola antes da adolescência para que durante a gravidez estejam protegidas.

 

Dos mais de 204 milhões de habitantes no Brasil em 2015, as pessoas com deficiência auditiva representam 1,1% dessa população. Cerca de 0,9% dos brasileiros ficou surdo em decorrência de alguma doença ou acidente e 0,2% nasceu surdo. Do total de deficientes auditivos, 21% tem grau intenso ou muito intenso de limitações, que comprometem atividades habituais.

Neste dia 3 de março, a OMS lançará um novo manual de treinamento – um guia prático sobre prevenção, identificação e tratamento da perda auditiva e doenças comuns do ouvido que levam à perda auditiva. Destina-se principalmente a profissionais de saúde e médicos que trabalham no nível primário e prestam serviços às pessoas nas unidades de saúde ou nas comunidades.

A publicação (em inglês) Primary ear and hearing care training manual está disponível!


Fontes
:

Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH)
Hear-it
Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC-USP)
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)
SOALHEIRO, Marcia. Serviço de Audiologia do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana/ENSP/Fiocruz/MS
World Health Organization