“Cuidados de saúde e serviços abrangentes e equitativos para todos”: 14/4 – Dia Mundial da Doença de Chagas


O Dia Mundial da Doença de Chagas, comemorado em 14 de abril, tem o objetivo de aumentar a conscientização sobre essa doença negligenciada. Foi celebrado pela primeira vez em 2020, após aprovação e endosso recebidos pela Assembleia Mundial da Saúde da OMS em maio de 2019.

Em 2021, a campanha visa dar visibilidade e atenção à doença, conscientizando sobre a importância da detecção precoce, da cobertura ampliada de diagnóstico e do acesso equitativo aos cuidados clínicos para todos.

Estima-se que existam aproximadamente 12 milhões de pessoas com a forma crônica da doença nas Américas, e que haja no Brasil, atualmente, pelo menos um milhão de pessoas infectadas.

Em 1909 a Doença de Chagas foi descoberta pelo sanitarista brasileiro Carlos Chagas que, na ocasião, combatia a malária no interior de Minas Gerais. O vetor da doença é o protozoário Trypanosoma cruzi – batizado assim por Chagas para homenagear o cientista Oswaldo Cruz – que usa o barbeiro como hospedeiro. O nome “barbeiro” se deve ao costume do inseto de picar as pessoas na região do rosto. Os insetos triatomíneos que hospedam o causador da doença são popularmente conhecidos como barbeiro, chupão, procotó ou bicudo.

Principais formas de transmissão:

– Vetorial: ocorre quando a pessoa entra em contato com as fezes eliminadas pelo barbeiro, ao coçar o local da picada;
– Oral: ingestão de alimentos contaminados com parasitos provenientes de triatomíneos infectados;
– Vertical: ocorre pela passagem de parasitos de mulheres infectadas por T. cruzi para seus bebês durante a gravidez ou o parto;
– Transfusão de sangue ou transplante de órgãos de doadores infectados a receptores sadios;
– Acidental: pelo contato da pele ferida ou de mucosas com material contaminado durante manipulação em laboratório ou na manipulação de caça.

A doença presenta uma fase aguda, que pode ter sintomas ou não, e uma fase crônica que pode se manifestar nas formas indeterminada (assintomática), cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva.

Sintomas:

Na fase aguda, os principais sintomas são:

– febre prolongada (mais de 7 dias);
– dor de cabeça;
– fraqueza intensa;
– inchaço no rosto e pernas.

No caso de picada do barbeiro, pode aparecer uma lesão semelhante a um furúnculo no local.

Após a fase aguda, caso a pessoa não receba tratamento oportuno, ela desenvolve a fase crônica da doença, inicialmente sem sintomas (forma indeterminada), podendo, com o passar dos anos, apresentar complicações como:

– problemas cardíacos, como insuficiência cardíaca;
– problemas digestivos, como megacolon e megaesôfago.

O período de incubação da Doença de Chagas, ou seja, o tempo que os sintomas começam a aparecer a partir da infecção, é dividido da seguinte forma:

– Transmissão vetorial: de 4 a 15 dias;
– Transmissão transfusional/transplante: de 30 a 40 dias ou mais;
– Transmissão oral: de 3 a 22 dias;
– Transmissão acidental: até, aproximadamente, 20 dias.

Tratamento:

O tratamento deve ser indicado por um médico, após a confirmação da doença. Os medicamentos utilizados, de acordo com a fase em que se encontra a doença, são fornecidos pelo Ministério da Saúde, gratuitamente, mediante solicitação das Secretarias Estaduais de Saúde.

Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença de Chagas estabelece, com base em evidências, as diretrizes para diagnóstico, tratamento e acompanhamento de pessoas afetadas pela infecção por Trypanosoma cruzi em suas diferentes fases (aguda e crônica) e formas clínicas, além de situações especiais como gestantes e condições de imunossupressão, servindo de subsídio a gestores, profissionais e usuários do SUS, visando garantir a assistência terapêutica integral.

Prevenção:

A prevenção da Doença de Chagas está intimamente relacionada à forma de transmissão.

Uma das formas de controle é evitar que o inseto “barbeiro” forme colônias dentro das residências, por meio da utilização de inseticidas residuais por equipe técnica habilitada.

Em áreas onde os insetos possam entrar nas casas voando pelas aberturas ou frestas, podem-se usar mosquiteiros ou telas metálicas.

Recomenda-se usar medidas de proteção individual (repelentes, roupas de mangas longas, etc.) durante a realização de atividades noturnas (caçadas, pesca ou pernoite) em áreas de mata.

Para prevenir a transmissão oral, as principais medidas são:

– Intensificar ações de vigilância sanitária e inspeção, em todas as etapas da cadeia de produção de alimentos suscetíveis à contaminação, com especial atenção ao local de manipulação de alimentos;
– Instalar a fonte de iluminação distante dos equipamentos de processamento do alimento para evitar a contaminação acidental por vetores atraídos pela luz;
– Realizar ações de capacitação para manipuladores de alimentos e de profissionais de informação, educação e comunicação;
– Resfriamento ou congelamento de alimentos não previne a transmissão oral por T. cruzi, mas sim o cozimento acima de 45°C, a pasteurização e a liofilização.

Fontes:

Ministério da Saúde. Saúde de A a Z

Organização Panamericana de Saúde