Game ensina Primeiros Socorros a vítimas de parada cardiorrespiratória súbita


 

Um game educativo ensina, de forma didática e lúdica, os “Primeiros Socorros” para ajudar pessoas que sofreram parada cardiorrespiratória, popularmente conhecida como parada cardíaca. Denominado Hands 2 Help, o jogo pode ser baixado gratuitamente na forma de aplicativo para celulares, tanto para os sistemas Android como o IOS. “Cinco minutos sem nenhuma ação de socorro emergencial podem representar a diferença entre a vida ou a morte para quem sofre uma parada cardiorrespiratória. É muito importante transmitir esses conhecimentos de Primeiros Socorros para a sociedade em geral, pois ainda que a ambulância chegue rápido, não é possível reverter a parada cardiorrespiratória e salvar a pessoa”, explicou o médico cirurgião pediátrico e socorrista Ruy Nogueira Jr., autor da dissertação defendida durante sua passagem pelo mestrado profissional em Ciências Aplicadas em Saúde na Universidade de Vassouras, em 2020, quando desenvolveu o game. O trabalho foi orientado pelo fisioterapeuta e professor Marco Aurélio dos Santos Silva, com co-orientação do professor Eduardo Trajano, também fisioterapeuta, que desenvolve seus estudos com apoio do programa Jovem Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, e é coordenador dessa linha de Mestrado Profissional na instituição de Vassouras. Tanto Silva como Trajano cursaram doutorado no Programa de Biologia Humana e Experimental da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

No Brasil, cerca de 200 mil pessoas por ano são vítimas de morte súbita devido a arritmias cardíacas fora do ambiente hospitalar, segundo a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac). Nogueira destaca que a maioria dos casos de parada cardiorrespiratória ocorre de forma súbita. “De acordo com a Liga Internacional dos Comitês de Ressuscitação (ILCOR, na sigla em inglês), organização considerada referência mundial na pesquisa e padronização dos procedimentos de socorro, cerca de 70% dos casos de paradas súbitas de coração ocorrem fora dos hospitais, seja nos lares, locais de trabalho ou espaços públicos. Por isso, é fundamental difundir a cultura dos Primeiros Socorros para todos. Nos Estados Unidos e na Europa já existem disciplinas nas grades curriculares das escolas voltadas ao ensino desses procedimentos”, disse Nogueira, que agrega ao projeto sua experiência no Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, onde serviu por mais de duas décadas como médico bombeiro socorrista. Atualmente, ele é professor na Faculdade de Ciências Médicas de Três Rios/Suprema, onde leciona a disciplina Suporte Básico de Vida.

Pensando em suprir essa lacuna educacional em Primeiros Socorros no País, o Hands 2 Help se apresenta como um serious game, ou seja, um jogo educativo em Saúde idealizado principalmente para crianças em idade escolar, que aprendem brincando. “As crianças são multiplicadoras de conhecimento. Quando aprendem sobre um tema na escola, costumam difundir as informações para os pais e toda a família. Além disso, existe a expectativa de se tornarem adultos que tomarão a iniciativa caso testemunhem alguém com parada cardiorrespiratória. Por isso pensamos nelas como público-alvo e também no formato de game, com linguagem de fácil assimilação e que, estrategicamente, atrai visualmente, prende a atenção e motiva para acertar, ganhar pontos. Quanto mais pessoas aprendem, maior as chances de sobrevida das vítimas”, justificou Marco Aurélio Silva. Ele ressaltou que a ideia não é dispensar o socorro profissional, mas agregar. “O app não substitui o treinamento convencional dos socorristas, mas é uma ferramenta a mais de ensino e divulgação do tema para sensibilizar os cidadãos comuns a tomarem a iniciativa de proceder até que a ambulância chegue”, acrescentou.

Outro ponto destacado no projeto é a necessidade de atender à demanda da recente Lei Lucas (13722/18), que torna obrigatória a capacitação em noções básicas de Primeiros Socorros para professores e funcionários de estabelecimentos de ensino públicos e privados de Educação Básica e de estabelecimentos de recreação infantil. Essa lei federal foi criada após um acidente que ocorreu com Lucas Begalli, uma criança de apenas 10 anos que perdeu a vida em um passeio escolar, engasgado com um cachorro quente, em Campinas, em 2017. “Essa fatalidade poderia ter sido evitada se houvesse conhecimento sobre Primeiros Socorros pelas pessoas em geral. Nesse sentido, o Hands 2 Help é uma inovação tecnológica para difundir essa cultura”, refletiu Eduardo Trajano. “O desenvolvimento desse produto se encaixou bem com a proposta do nosso mestrado profissional da Universidade de Vassouras, que tem como foco as áreas de concentração Urgência e Emergência”, concluiu.

 

Fonte:

Débora Motta: Agência FAPERJ