MAUS-TRATOS INFANTIS


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CARDOSO, Antônio Carlos A.; COELHO, Herlander M. M.; HARADA, Maria de Jesus C. S. et al. Recomendações para o atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência física (maus-tratos). Pediatria Moderna, São Paulo, v. 39, n. 9, p. 354-362, set. 2003.

O atendimento e a prevenção da violência doméstica contra crianças e adolescentes deve estar inserida em ações de saúde, de educação, de comunicação, culturais e econômicas, que sejam capazes de gerar uma consciência coletiva e um compromisso diante dos problemas de discriminação e desigualdades aos quais estão submetidos os diferentes grupos populacionais. As dificuldades atuais a serem transpostas incluem a necessidade de ações padronizadas por profissionais de várias áreas que forneçam diretrizes para o desenvolvimento de estratégias de atuação, vencer a resistência e o medo dos profissionais. Qualquer profissional que se defronte com um caso de violência doméstica contra criança ou adolescente deve estar ciente que está diante de uma situação complexa, com risco de morte, que deixa quase sempre seqüelas psíquicas e físicas graves, que afeta todos os membros de um núcleo familiar de formas e intensidades diferentes, com potencial de afetar também gerações futuras desta mesma família. Como nossa cultura é permeada pelo abuso da autoridade, onde castigos são relativamente comuns, como “forma de educação”, muitos casos de vitimização de crianças e adolescentes podem passar despercebidos. Por isso é dever do pediatra estar sempre atento para suspeitar dessa situação clínica. O Núcleo de Estudos da Violência contra Crianças e Adolescentes da Sociedade de Pediatria de São Paulo tem como um dos seus objetivos estabelecer recomendações, como as deste artigo, para o atendimento e correto encaminhamento das vítimas de violência física domiciliar, negligência (que é a forma de violência com maior índice de letalidade), violência psicológica (incluindo a síndrome de Münchausen por transferência) e violência e abuso sexual.