“Mudando mentalidades: Vamos tornar os cuidados auditivos uma realidade para todos!” 03/3 – Dia Mundial da Audição 


 

O Dia Mundial da Audição de 2024 centra-se na superação dos desafios colocados pelas percepções erradas da sociedade e pela mentalidade estigmatizante, por meio da sensibilização e do compartilhamento de informações ao público e aos prestadores de cuidados de saúde.

Mensagens-chave:

– Globalmente, mais de 80% das necessidades de cuidados auditivos permanecem não atendidas.
– A perda auditiva não tratada representa um custo anual de quase US$ 1 trilhão em todo o mundo.
– Percepções sociais profundamente arraigadas e mentalidade estigmatizante são fatores-chave que limitam os esforços para prevenir e tratar a perda auditiva.
– Mudar a mentalidade relacionada aos cuidados auditivos é crucial para melhorar o acesso e mitigar o custo da perda auditiva não tratada.

A campanha de 2024 tem os seguintes objetivos:

– Combater os equívocos comuns relacionados aos problemas auditivos nas comunidades e entre os prestadores de cuidados de saúde.
– Fornecer informações precisas e baseadas em evidências para mudar a percepção do público sobre problemas auditivos.
– Apelar aos países e à sociedade civil para que abordem as percepções erradas e a mentalidade estigmatizante relacionadas com a perda auditiva, como um passo crucial para garantir o acesso equitativo aos cuidados auditivos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), na região da Américas, em torno de 217 milhões de pessoas vivem com perda auditiva, ou seja, 21,52% da população. Estima-se que até 2050, esse número possa subir para 322 milhões.

No Brasil, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde, 2,2 milhões de pessoas possuem deficiência auditiva. A falta de informações precisas e atitudes estigmatizantes em relação às doenças do ouvido e à perda auditiva muitas vezes impedem as pessoas de ter acesso a cuidados para essas doenças. Mesmo entre os prestadores de cuidados de saúde, muitas vezes existe falta de conhecimento sobre prevenção, identificação precoce e tratamento da perda auditiva e doenças do ouvido, dificultando sua capacidade de fornecer os cuidados necessários.

 

O ouvido é um sistema ósseo composto por canais por onde passam líquidos que estimulam as células sensoriais do equilíbrio e da audição. Qualquer alteração nesse processo pode dificultar a audição ou provocar problemas auditivos e de estabilidade. O acúmulo de cera pode, por exemplo, bloquear a passagem do som ou alguma inflamação comprometer a percepção sonora.

As causas mais comuns de perda de audição na infância são de origem genética, mas também podem estar associadas a indicadores de risco para audição, como peso muito baixo ao nascimento, asfixia neonatal, infecções congênitas da mãe durante a gestação, etc.

Nos bebês, o ‘teste da orelhinha’ é fundamental para a detecção precoce dos problemas auditivos na infância, cujo registro é de até três casos para 1.000 nascidos vivos. O teste é simples, indolor e não invasivo, e todos os bebês devem fazê-lo antes de completar um mês de idade.

As crianças que apresentam alteração no “teste da orelhinha” são encaminhadas para diagnóstico completo. Caso seja confirmada a perda permanente, a criança passa pela adaptação de aparelhos de amplificação sonora e terapia fonoaudiológica. Neste momento, é essencial o trabalho conjunto de fonoaudiólogos e otorrinolaringologistas.

Nos jovens, as causas da perda de audição estão relacionadas à exposição a níveis elevados de pressão sonora. Atualmente, os hábitos recreacionais, como o uso de fones de ouvido com volume aumentado por tempo prolongado, são os ‘vilões’ da saúde auditiva.

Esses hábitos podem causar a ‘perda auditiva escondida’, que ainda não se mostra visível no exame de audiometria, mas que já se apresenta com redução de células ganglionares do nervo auditivo – responsáveis por transformar a energia sonora em impulsos nervosos – e resultam na dificuldade de compreender a fala.

Outras causas muito comuns de perda auditiva em jovens e adultos são de origem metabólica, principalmente em pessoas com diabetes, além de outras doenças infecciosas, como a meningite e a caxumba.

O adoecimento auditivo pode, ainda, ser provocado pela exposição laboral a fatores como vibração, calor e substâncias químicas, embora muito comumente o ruído seja o maior responsável pela perda auditiva.

A perda auditiva relacionada ao trabalho é considerada uma das doenças mais frequentes na população trabalhadora estando presente em diversos ramos de atividade, entre eles, siderurgia, metalurgia, gráfica, têxtil, construção civil, agricultura, transportes, telesserviços e outros.

Diversos estudos mostram que outros agentes causais (químicos ou ambientais), atuando de forma isolada ou concomitante à exposição ao ruído, podem também ocasionar danos à audição. Dentre eles a exposição à vibração (britadeiras, por exemplo), calor (caldeiras, por exemplo) e substâncias químicas (combustíveis e solventes, por exemplo).

Prevenção da perda auditiva:

Em crianças, quase 60% da perda auditiva pode ser evitada por meio de medidas como imunização para prevenção da rubéola e meningite, melhoria da atenção materna e neonatal e triagem e tratamento precoce de otite média — doença inflamatória do ouvido médio.

Em adultos, o controle de ruído, a escuta segura e a vigilância de medicamentos ototóxicos, juntamente com uma boa higiene do ouvido, podem ajudar a manter uma boa audição e reduzir o potencial de perda auditiva.

No âmbito das atividades laborais, o diagnóstico precoce pode evitar o agravamento da perda auditiva apresentada pelo trabalhador. Além disso, norteará a busca ativa de novos casos naquele ambiente de trabalho e permitirá que medidas de proteção individual e coletiva sejam adotadas, evitando o desencadeamento de perda auditiva em trabalhadores e o agravamento naqueles que já estão adoecidos.

 

Fontes:

Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH)
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO)
Prefeitura da Cidade de São Paulo
World Health Organization