“Nunca é cedo demais, nunca é tarde demais” – setembro: Mês Mundial do Alzheimer


 

A campanha 2023 para o Mês Mundial do Alzheimer traz o tema “ Nunca é cedo demais, nunca é tarde demais ”, visando sublinhar o papel fundamental da identificação dos fatores de risco e da adoção de medidas proativas para reduzir, atrasar e potencialmente até prevenir o aparecimento da demência.

Há uma consciência crescente de que a doença de Alzheimer e outras demências podem começar muitos anos antes dos sintomas aparecerem, evidenciando que intervenções de saúde cerebral ao longo da vida podem preveni-las. Com a expectativa de que o número global de pessoas que vivem com demência triplique até 2050, nunca houve uma necessidade tão urgente de compreender e responder aos fatores de risco associados a esta condição.

No Brasil, cerca de 1,2 milhão pessoas vivem com alguma forma de demência e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano. Em todo o mundo, o número chega a 50 milhões de pessoas. Segundo estimativas da Alzheimer’s Disease International, os números poderão chegar a 74,7 milhões em 2030 e 131,5 milhões em 2050, devido ao envelhecimento da população. Esse cenário mostra que a doença caracteriza uma crise global de saúde que deve ser enfrentada.

Segundo o relatório mundial de Alzheimer de 2021, o Brasil estará entre os mais afetados pela doença, uma vez que há maior incidência de casos em países populosos, de média e baixa renda. Além do Brasil, Índia, China, Nigéria e México devem apresentar os maiores números de casos.

Esses países possuem outras características em comum: o aumento do número de pessoas idosas e um grande número de fatores considerados de risco, que também contribuem para agravar o quadro, como: doenças cardiovasculares, hipertensão arterial e diabetes.

 

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, progressiva e ainda sem cura que afeta, majoritariamente, pessoas acima de 65 anos de idade, impactando a memória, a linguagem e a percepção do mundo. Provoca alterações no comportamento, na personalidade e no humor do paciente.

A doença é progressiva e os sintomas podem ser divididos em três “fases”:

Leve: falhas de memória e esquecimentos constantes; dificuldades em realizar tarefas complexas (como cuidar das finanças);
Moderada: o paciente já necessita de ajuda para realizar tarefas simples, como se vestir;
Avançada: o paciente necessita de auxílio para realizar qualquer atividade, como comer, tomar banho e cuidar da higiene.

Dez sinais de alerta para o Alzheimer:

– Problema de memória que chega a afetar as atividades e o trabalho;
– Dificuldade para realizar tarefas habituais;
– Dificuldade para comunicar-se;
– Desorientação no tempo e no espaço;
– Diminuição da capacidade de juízo e de crítica;
– Dificuldade de raciocínio;
– Colocar coisas no lugar errado, muito frequentemente;
– Alterações frequentes do humor e do comportamento;
– Mudanças na personalidade;
– Perda da iniciativa para fazer as coisas.

Fatores de risco:

Existem diversos fatores de risco relacionados ao desenvolvimento da demência – alguns modificáveis, outros não. Ter membros da família com a doença, variações genéticas e o aumento da idade, são fatores não modificáveis.

Obs.: Embora a idade tenha influência no risco de surgimento da doença, a demência não é considerada parte normal do envelhecimento.

A Alzheimer’s Disease Internacional (ADI) listou 12 fatores de risco potencialmente modificáveis que podem prevenir ou retardar até 40% dos casos de demência caso haja uma mudança, como a prevenção primária do Alzheimer:

Sedentarismo: A atividade física regular é uma das melhores maneiras de reduzir o risco de demência. Praticar exercício é bom para o seu coração, circulação, peso e bem-estar mental.

Fumar: Fumar aumenta muito o risco de desenvolver demência. Com este hábito, você também está aumentando o risco de outras condições, incluindo diabetes tipo 2, acidente vascular cerebral, câncer de pulmão e outros.

Álcool em excesso: A ingestão de álcool em excesso aumenta o risco de demência. O consumo nocivo de álcool é fator causal em mais de 200 condições de doenças e lesões.

Poluição do ar: Uma quantidade crescente de evidências e pesquisas mostram que a poluição do ar aumenta o risco de demência.

Ferimento na cabeça: As lesões na cabeça são mais comumente causadas por acidentes de carro, motocicleta e bicicleta; exposições militares; boxe, futebol, hóquei e outros esportes; armas de fogo e agressões violentas e quedas.

Contato social pouco frequente: Está bem estabelecido que a conexão social reduz o risco de demência. O contato social aumenta a reserva cognitiva e encoraja comportamentos benéficos.

Menos educação: Um baixo nível de escolaridade no início da vida afeta a reserva cognitiva e é um dos fatores de risco mais significativos para demência.

Obesidade: Particularmente na meia-idade, a obesidade está associada a um risco aumentado de demência.

Hipertensão: A hipertensão (pressão alta) na meia-idade aumenta o risco de demência de uma pessoa, além de causar outros problemas de saúde. A medicação para hipertensão é a única preventiva e eficaz conhecida para a demência.

Diabetes: O diabetes tipo 2 é um fator de risco para o desenvolvimento de demência futura. Não está claro se algum medicamento específico contribuí para isso, mas o tratamento do diabetes é importante por outros motivos de saúde.

Depressão: A depressão está associada à incidência de demência. A depressão faz parte do pródromo da demência (um sintoma que ocorre antes dos sintomas verificados ​​para o diagnóstico). Não está claro até que ponto a demência pode ser causada por depressão ou o inverso.

Deficiência auditiva: Pessoas com perda auditiva têm um risco significativamente maior de demência. O uso de aparelhos auditivos parece reduzir o risco.

Prevenção:

– Ter uma vida ativa e com objetivos;
– Praticar atividade física regular por pelo menos por 150 minutos por semana;
– Controlar os fatores de risco cardiovascular, como hipertensão e diabetes;
– Procurar estudar e adquirir conhecimento;
– Trabalhar sua capacidade de concentração;
– Dormir bem.

Tratamento:

Apesar de ainda não haver cura para a doença de Alzheimer, já existem opções de tratamento: medicamentos (disponíveis nas farmácias do SUS), reabilitação cognitiva, terapia ocupacional, controle de pressão alta, diabetes e colesterol, além de atividade física regular, podem ajudar a manter a qualidade de vida por mais tempo.

 

Para explicar como a doença afeta o cérebro, a Alzheimer’s Association Brasil disponibiliza em sua página a apresentação: Dentro do cérebro: uma viagem interativa

 

Fontes:

Alzheimer’s Association – Brasil
Alzheimer’s Disease International
Associação Brasileira de Alzheimer
Instituto da Memória: Núcleo de Envelhecimento Cerebral
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia