Revolução da inteligência artificial: uso na saúde traz novas possibilidades


 

Com o desenvolvimento das tecnologias que utilizam Inteligência Artificial (IA), criou-se a ideia de que elas são capazes de resolver qualquer problema, entretanto, há desafios e limitações. Na área da saúde, a ferramenta contribui com atendimentos e diagnósticos mais rápidos e precisos, reduzindo custos e melhorando a experiência de pacientes e de profissionais.

O seu uso na promoção da saúde pode ser definido como toda e qualquer inovação tecnológica através de métodos e dispositivos que serão utilizados em todos os segmentos de cuidados com o paciente, desde tratar doenças a melhorar a reabilitação do indivíduo ou da comunidade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), ela é uma grande promessa para melhorar a prestação de serviços de saúde em todo o mundo, que pode ser utilizada para melhorar a velocidade e a precisão do diagnóstico e da triagem de doenças, auxiliar no atendimento clínico e fortalecer a pesquisa em saúde, bem como o desenvolvimento de medicamentos. Ainda de acordo com a organização, a IA também pode apoiar diversas ações de saúde pública, como vigilância de doenças e gestão de sistemas.

De acordo com a Dra. Rosália Morais Torres, médica, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), coordenadora do Centro de Tecnologia em Saúde (CETES) da Faculdade de Medicina da UFMG, a IA pode desempenhar um papel crucial no enfrentamento dos desafios das doenças tropicais, que prevalecem em regiões com recursos e infraestrutura limitados. Dentre as muitas maneiras pelas quais a IA pode contribuir nessa área, ela cita a possibilidade de detecção precoce de surtos de doenças tropicais mediante utilização de algoritmos que podem analisar grandes conjuntos de dados de pacientes associando-os a fatores ambientais. “Isso pode ajudar as autoridades de saúde a tomar medidas para evitar a propagação de doenças”, completa.

Ainda segundo a médica, a IA pode contribuir também para detecção de enfermidades, já que as ferramentas de diagnóstico de doenças tropicais como dengue e malária, dentre outras, podem ser mais rápidas e muito precisas, o que pode ajudar os profissionais de saúde a tomarem decisões oportunas e eficazes em relação ao tratamento. “A IA pode ser de grande valia em estudos epidemiológicos, ao ajudar a identificar os fatores de risco associados a doenças tropicais tendo em vista à sua capacidade de analisar grandes conjuntos de dados obtidos a partir de prontuários dos pacientes e de dados ambientais e geográficos”, destaca a Dra. Torres. Essas informações epidemiológicas, de acordo com ela, podem ser usadas para desenvolver estratégias eficazes de prevenção e nortear políticas públicas de saúde.

Outro aspecto relevante da IA mencionado pela coordenadora do CETES é a possibilidade de agilização dos processos para descoberta de novos medicamentos para tratar doenças tropicais, levando em consideração à capacidade de analisar grandes quantidades de dados e selecionar, com rapidez, potenciais candidatos a medicamentos. “É interessante falarmos também sobre o papel que a IA pode ter em relação ao desenvolvimento de vacinas para doenças tropicais negligenciadas identificando possíveis antígenos e prevendo sua eficácia. Em resumo, a IA tem o potencial de transformar o diagnóstico, o tratamento e a prevenção de doenças tropicais, ajudando a melhorar os resultados de saúde pública em regiões onde essas doenças são prevalentes”, ressalta.

Aplicações da IA na promoção da saúde e os desafios éticos

A IA pode capacitar as pessoas a ter maior controle de seus próprios cuidados, permitir que países com poucos recursos e comunidades rurais, onde os pacientes frequentemente têm acesso restrito a profissionais de saúde ou profissionais médicos, preencham as lacunas no acesso a estes serviços. Embora as novas tecnologias que usam IA sejam muito promissoras para melhorar o diagnóstico, o tratamento, a pesquisa e o desenvolvimento de medicamentos, assim como para apoiar os governos que executam funções de saúde pública, incluindo vigilância e resposta a surtos, elas devem colocar a ética e o bem-estar humano como ponto focal, assim como a implantação e o uso.

Para limitar os riscos e maximizar as oportunidades intrínsecas ao uso da IA para a saúde e pensando no potencial elevado do uso dessa tecnologia na medicina, a OMS divulgou diretrizes quanto ao uso ético dessa tecnologia. Esses princípios devem guiar o seu trabalho para apoiar os esforços e garantir que todo o potencial da IA para atenção à saúde e saúde pública seja usado para o benefício de todos.

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Fonte:

Sociedade Brasileira de Medicina Tropical