SAÚDE OCUPACIONAL


020
NASCIMENTO SOBRINHO, Carlito Lopes; CARVALHO, Fernando Martins; BONFIM, Tárcyo Antonio Silva et al. Condições de trabalho e saúde mental dos médicos de Salvador, Bahia, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 1, p. 131-140, jan. 2006. Disponível em Scielo

Um estudo de corte transversal investigou a associação entre as condições de trabalho e distúrbios psíquicos menores (DPM) em uma amostra aleatória de 350 médicos de Salvador, Bahia, Brasil. Um questionário individual auto-aplicável avaliou aspectos psicossociais do trabalho, utilizando o modelo demanda-controle (Job Content Questionnaire), e a saúde mental dos médicos, usando o Self-report Questionnaire (SRQ-20). Constatou-se elevada sobrecarga de trabalho, trabalho em regime de plantão, múltiplas inserções profissionais, baixa remuneração por hora trabalhada e contratação precária sob a forma de remuneração por procedimento. A prevalência de DPM foi de 26,0% e estava mais fortemente associada com aspectos da demanda psicológica do trabalho do que com o controle deste por parte dos médicos. Médicos com trabalho de alta exigência (alta demanda e baixo controle) apresentaram 3,07 (IC95%: 1,38-6,85) vezes mais DPM do que aqueles com trabalho de baixa exigência (baixa demanda e alto controle).

021
ASMUS, Carmen Ildes Rodrigues Fróes; 
RAYMUNDO, Carmen Maria; BARKER, Suyanna Linhales et al. Atenção integral à saúde de adolescentes em situação de trabalho: lições aprendidas. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 4, p. 953-960, out./dez. 2005. Disponível em Scielo

Este artigo apresenta a experiência do Programa de Saúde do Trabalhador Adolescente (PSTA) do Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente da Uerj. Na área assistencial, a equipe multidisciplinar do Núcleo vem desenvolvendo um modelo de atenção integral aos adolescentes trabalhadores, buscando analisar as questões ligadas ao nexo causal entre os agravos à saúde e o processo produtivo em que estão envolvidos. No que se refere à extensão, os profissionais, em associação com alguns adolescentes trabalhadores, vêm desenvolvendo uma metodologia de educação em saúde resgatando a discussão sobre o potencial produtivo de maneira abrangente, abordando temas que vão além da questão do trabalho. Devido ao conhecimento adquirido, a equipe, em parceria com a OIT, recebeu a incumbência de elaborar materiais pedagógicos para a formação e capacitação de recursos humanos sobre saúde e segurança no trabalho infanto-juvenil. Conclui-se que, diante das políticas públicas para a eliminação do trabalho infantil e proteção do trabalhador adolescente, já em vigência em nível nacional, a experiência relatada aponta para a necessidade da criação de programas semelhantes para a garantia dos direitos desta população.

022
SATO, Leny; BERNARDO, Márcia Hespanhol. Saúde mental e trabalho: os problemas que persistem. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 4, p. 869-878, out./dez. 2005. Disponível em Scielo

Este artigo toma por objeto a Saúde Mental e Trabalho como uma subárea do campo da Saúde do Trabalhador. Parte da constatação de que os problemas de saúde mental e trabalho, já identificados em meados da década de 1980, persistem. Após retomar a taxonomia de tais problemas, busca evidenciar algumas de suas expressões atuais a partir da assistência e da vigilância em saúde do trabalhador, bem como pela perspectiva de alguns sindicatos mais atentos à questão. Para tal, toma como ponto de partida o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CRST) de Campinas. Por fim, pontua algumas características do trabalho no contexto atual para compreender as motivações dessa persistência.

023
DIAS, Elizabeth Costa
; HOEFEL, Maria da Graça
. O desafio de implementar as ações de saúde do trabalhador no SUS: a estratégia da RENAST. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 4, p. 817-827, out./dez. 2005. Disponível em Scielo

A construção da Rede de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST) no SUS, para implementar as ações de uma atenção diferenciada para os trabalhadores na rede de serviços de saúde é a principal estratégia adotada pela área Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde (COSAT), a partir de janeiro de 2003. A RENAST está organizada como rede nacional de informação e práticas de saúde: ações assistenciais, de vigilância e promoção da saúde, nas linhas de cuidado da atenção básica, da média e alta complexidade ambulatorial, pré-hospitalar e hospitalar, sob o controle social, nos três níveis de gestão do SUS. Na proposta da RENAST, os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CRST) deixam de ser porta de entrada e assumem o papel de suporte técnico, pólo irradiador da cultura da centralidade do trabalho e produção social das doenças, e lócus de pactuação das ações de saúde, intra e intersetorialmente, no seu território de abrangência. Neste texto, são apresentados: uma breve retrospectiva do processo de instituição das ações de Saúde do Trabalhador no âmbito do SUS, a descrição dos aspectos organizacionais e operacionais da RENAST, nos Estados e municípios e identificados avanços, dificuldades e as perspectivas vislumbradas.

024
FACCHINI, Luiz Augusto; 
NOBRE, Letícia Coelho da Costa; FARIA, Neice Muller Xavier et al
. Sistema de Informação em Saúde do Trabalhador: desafios e perspectivas para o SUS. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 4, p. 857-867, out./dez. 2005. Disponível em Scielo

O presente artigo identifica e discute alguns desafios e perspectivas relativos à implantação de um Sistema de Informações em Saúde do Trabalhador (SIST) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Os desafios para a coleta, produção e a análise de dados e a disseminação continuada de informações sobre o estado de saúde dos trabalhadores e seus determinantes são revisados. Há destaque para a necessidade de investimentos em capacitação de recursos humanos, articulação e harmonização das bases de dados de interesse à saúde do trabalhador, implantação de infra-estrutura de informática nos níveis locais e da coleta das informações na rede de serviços do SUS, e integração e articulação interministerial. A realização da 3ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e a recém aprovada Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador representam reforços importantes para o debate sobre a implantação do SIST e sua prioridade na agenda do SUS. A relativa sintonia entre as agendas de técnicos, pesquisadores, trabalhadores e lideranças sindicais na defesa comum de um sistema de informações também é vista como um apoio à implantação do SIST e seu efetivo controle social.

025
SILVA, Jandira Maciel da; 
NOVATO-SILVA, Eliane; FARIA, Horácio Pereira et al
. Agrotóxico e trabalho: uma combinação perigosa para a saúde do trabalhador rural. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 4, p. 891-903, out./dez. 2005. Disponível em Scielo

Analisaram-se os riscos e danos à saúde dos agricultores causados pelos agrotóxicos, tendo como eixos centrais o processo e as relações de trabalho presentes na agricultura brasileira. Trata-se de um tema polêmico, complexo e conflituoso. Foram abordadas questões referentes à informação e às políticas públicas para o setor. Este artigo traz a contribuição e a reflexão do Grupo de Estudos de Saúde e Trabalho Rural de Minas Gerais (Gestru), que apresenta alguns resultados de seus trabalhos realizados em regiões hortifrutigranjeira, floricultora, canavieira e cafeeira de Minas Gerais. Propõe-se a incorporação de um conjunto de variáveis a serem consideradas no processo de avaliação da exposição e dos danos à saúde gerados pelos agrotóxicos. São apresentadas algumas propostas e sugestões para a construção de uma agenda de políticas e ações no campo da saúde do trabalhador agrícola brasileiro.