POLÍTICA ANTIFUMO; POLUIÇÃO POR FUMAÇA DE TABACO; LOCAL DE TRABALHO
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SZKLO, André Salem; CAVALCANTE, Tânia Maria; REIS, Neilane Bertoni dos; SOUZA, Mirian Carvalho de. “Desnormalização do uso de tabaco em casa”: a contribuição da proibição de fumar em ambientes fechados de trabalho no Brasil. Cadernos Saúde Pública, Rio de Janeiro, [online], v. 38, supl. 1, e00107421, 2022. Disponível em Scielo
Estima-se que a exposição à fumaça ambiental de tabaco esteja relacionada a 1,2 milhão de mortes por ano no mundo. A sinergia das diversas medidas antitabaco, tanto legislativas quanto educativas, é essencial para estimular a cessação e prevenir a iniciação do tabagismo. O artigo tem como objetivo explorar a possível contribuição da proteção legislativa contra a exposição à fumaça ambiental de tabaco nos locais fechados de trabalho no Brasil, cujo fortalecimento ocorreu por fases entre 1996 e 2014, para a proteção contra o tabagismo passivo em casa. Foram utilizados modelos lineares generalizados para avaliar as diferenças absolutas e relativas na proporção de brasileiros que vivem em domicílios sem fumaça ambiental de tabaco, entre aqueles expostos e não expostos ao tabagismo passivo em locais de trabalho fechados, brutas e ajustadas por variáveis sociodemográficas e de comportamento de tabagismo, estratificadas entre fumantes e não fumantes. Foram usados os dados de três inquéritos nacionais, realizados em 2008, 2013 e 2019. Independentemente de condição de tabagista e do ano de análise, os indivíduos empregados em locais de trabalho livres de tabaco apresentaram maior probabilidade de residir em domicílios livres de tabaco, comparado com aqueles que trabalhavam em locais onde fumar era permitido. A diferença absoluta ajustada aumentou de +5,5% em 2008 para +10,5% em 2013 entre não fumantes, e de +7,1% em 2013 para +15,6% em 2019 entre fumantes (valores de p de interação aditiva ≤ 0,05). É provável que o fortalecimento da legislação antitabaco no Brasil esteve associado a uma redução no tabagismo passivo em casa, o que, portanto, pode reduzir a carga de morbimortalidade e de custos para a sociedade, relacionados ao tabagismo.