O Dia Mundial da Saúde Oral começou a ser observado em 2007, sendo 12 de setembro a data original da celebração. Porém, considerando o pressuposto de que:
‘Idosos devem ter um total de 20 dentes naturais no final da vida para serem considerados saudáveis; crianças devem ter 20 dentes de leite e adultos saudáveis devem ter um total de 32 dentes e 0 cáries dentárias’, os organizadores da campanha aproveitaram a simbologia numérica dos algarismos “3 e 20” e escolheram 20 de março como a nova data para o Dia Mundial da Saúde Oral, em vigor desde 2013.
A World Dental Federation definiu em 2024 uma campanha de três anos centrada no tema: ‘uma boca feliz é.…’ para destacar a importância da saúde bucal e suas fortes conexões com a saúde geral. Neste segundo ano o foco é outro tópico vital: a conexão entre a saúde bucal e o bem-estar mental. Boca, corpo e mente estão interconectados e ao cuidar da saúde oral todo o ser está sendo cuidado. Dando continuidade a esta importante jornada, destaca-se como uma boca feliz contribui para uma mente feliz.
Saúde mental e oral, somadas a outras doenças não transmissíveis (DNTs), compartilham muitos fatores de risco, incluindo uso de tabaco, dieta não saudável com alta teor de açúcar, consumo prejudicial de álcool e negligência com os cuidados bucais. Gerenciar estes fatores de risco é crucial para manter a saúde da boca, do corpo e da mente.
As doenças orais são uma grande preocupação de saúde para muitos países e impactam negativamente as pessoas ao longo de suas vidas, provocando dor e desconforto, isolamento social e perda de autoconfiança, estando frequentemente ligadas a outros problemas de saúde sérios. Mas a maioria das condições bucais são amplamente preveníveis e podem ser tratadas em seus estágios iniciais evitando sofrimento.
Daí a importância da comemoração como uma oportunidade para aumentar a conscientização e priorizar a saúde bucal – um componente essencial do bem-estar e da saúde – ao conclamar a união de todos para ajudar a reduzir a carga dessas doenças que afetam indivíduos, sistemas de saúde e economias, mundialmente.
Em 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio da 74ª. Assembleia Mundial de Saúde, reconheceu a saúde bucal como parte essencial da agenda de Doenças não Transmissíveis e da Cobertura Universal de Saúde, levando ao endosso da Estratégia Global sobre Saúde Bucal e do Plano de Ação Global para Saúde Bucal 2023–2030 (documentos em inglês).
Para a OMS, agora é a hora de agir. A estratégia existe e é preciso implementá-la. Isso requer:
– Envolver as partes interessadas, multissetorialmente;
– Garantir financiamento por meio de mecanismos inovadores, como a alocação de receitas fiscais de saúde para a saúde bucal;
– Integrar os serviços de saúde bucal nos conjuntos de benefícios nacionais;
– Utilizar uma abordagem centrada nas pessoas.
No século 21, a recorrência de cárie dentária na população brasileira foi amplamente reduzida, devido ao investimento em tratamento de água, saneamento e saúde pública, principalmente em regiões urbanas.
Apesar da melhoria significativa, a cárie ainda é a doença oral não transmissível mais prevalente do mundo. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o Produto Interno Bruto (PIB) regional são fatores centrais para avaliar a vulnerabilidade de diferentes grupos do País a essa doença, tendo em vista a desigualdade do acesso à prevenção e tratamento dentário.
De acordo com índices divulgados em 2024, o Brasil registra atualmente cerca de 45% de cobertura em saúde bucal. A meta do governo federal é alcançar pelo menos 70%.
Dados da pesquisa Saúde Bucal Brasil 2020/2023 indicam que 53% das crianças de 5 anos entrevistadas não tinham cárie. O índice é 14% maior que o resultado da última pesquisa, em 2010, quando 46,6% das crianças entrevistadas estavam livres da doença.
O estudo destaca importante aumento de crianças de 5 anos livres de cárie, entre 2010 e 2023, nas regiões Sul (40,7%), Sudeste (21,9%), Nordeste (17,1%) e Norte (11,2%), tanto nas capitais como nas cidades do interior. O Centro-Oeste, por outro lado, apresentou pequena diminuição na proporção, passando de 38,8% para 37,9%.
Com o objetivo de ampliar o acesso à saúde bucal, reduzir as desigualdades no atendimento odontológico e melhorar a qualidade de vida da população, o Ministério da Saúde criou, em 2004, o Brasil Sorridente, um programa de assistência odontológica que apresenta diretrizes nacionais de saúde bucal.
Em 2023, por meio da Lei nº 14.572, foi instituída no Brasil a Política Nacional de Saúde Bucal, conjunto de diretrizes que configura modelo de organização e atuação direcionado à atenção à saúde bucal no País e que se constitui em instrumento para orientar as ações direcionadas à produção social da saúde bucal e, especificamente, as ações odontológicas em todos os níveis de atenção à saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
A política está ligada a diversas ações e programas do Ministério da Saúde, como o Programa Saúde na Escola, o Plano Nacional para Pessoas com Deficiência, a Saúde do Trabalhador, a Vigilância Ambiental e a Fluoretação das Águas de Abastecimento Público, entre outras.
As principais metas do Brasil Sorridente incluem:
– Ampliar a cobertura de saúde bucal no Sistema Único de Saúde (SUS);
– Reduzir os índices de cáries e outras doenças bucais na população;
– Oferecer tratamento odontológico especializado, como endodontia (tratamento de canal) e próteses dentárias;
– Incorporar a saúde bucal na atenção primária e no atendimento de média e alta complexidade.
Além de exercer papel fundamental na fala, na mastigação e na respiração, a boca é a maior cavidade do corpo a ter contato direto com o meio ambiente, sendo a porta de entrada para bactérias e outros microrganismos prejudiciais à saúde.
Uma boa higiene bucal diminui o risco de desenvolvimento de problemas na boca e nos dentes. É importante ressaltar que essas doenças têm relação direta com o fumo, com o consumo de álcool e com a má alimentação.
Problemas mais comuns:
Cárie: desintegração do dente provocada pela higiene inadequada, ingestão de doces e carboidratos ou, ainda, por complicações de outras doenças que diminuem a quantidade de saliva na boca. (Ex.: pessoas em tratamento quimioterápico ou radioterápico para o câncer).
Lesões bucais e aftas: inchaços, manchas ou feridas na boca, língua ou lábios; podem ser provocadas por herpes labial, candidíase (sapinho) e próteses (dentaduras) mal ajustadas.
Mau hálito: tem várias causas, dentre elas: higiene bucal inadequada (falta de escovação adequada e falta do uso do fio dental); gengivite; ingestão de certos alimentos como, alho ou cebola; tabaco e produtos alcoólicos; boca seca (causada por certos medicamentos, por distúrbios e por menor produção de saliva durante o sono); doenças sistêmicas como câncer, diabetes, problemas com o fígado e rins.
A língua possui diversas papilas gustativas entre as quais se formam criptas, ou seja, saquinhos que retêm resíduos de alimentos, células descamadas que começam a fermentar, formando uma placa bacteriana esbranquiçada que aparece no fundo da língua, em direção à ponta, a chamada saburra lingual, essa, sem dúvida, é a principal causa do mau hálito.
Gengivite: inflamação da gengiva provocada pela placa bacteriana.
Placa bacteriana: é o conjunto de bactérias que coloniza a cavidade bucal. A placa bacteriana fixa-se principalmente nas regiões de difícil limpeza, como a região entre a gengiva e os dentes ou a superfície dos dentes de trás, provocando cáries e formação de tártaro.
Tártaro: é o endurecimento da placa bacteriana na superfície dos dentes.
No dia a dia é essencial seguir as dicas abaixo para garantir uma boa saúde bucal:
– Escolher a escova correta;
– Escovar os dentes e usar o fio dental após cada refeição;
– Escovar os dentes antes de dormir;
– Trocar a escova de dentes a cada três meses;
– Eliminar a placa bacteriana por meio de escovação adequada e do uso do fio dental;
– Limpar a língua, utilizando um raspador, a fim de retirar a saburra lingual;
– Ter uma alimentação saudável, com uso racional do açúcar, evitando o consumo excessivo de doces;
– Utilizar adequadamente o flúor, com cremes dentais fluorados;
– Evitar o uso de próteses mal ajustadas;
– Evitar o fumo e o consumo de bebidas alcoólicas;
– Ir ao dentista regularmente.
Fontes:
Agência Brasil
Associação Brasileira de Odontologia: Sorrir Muda Tudo!
Dr. Dráuzio Varella
Gabriela Nangino. Fluoretação da água beneficia a economia e a saúde pública. Jornal da USP
Ministério da Saúde
Organização Mundial da Saúde (OMS)
World Dental Federation